O jovem português de 17 anos que foi ontem detido pela Polícia Judiciária no norte do país é suspeito de homicídio qualificado e incitamento ao ódio e à violência. Segundo a informação partilhada pela Polícia Judiciária, o grupo criado no Discord terá levado a um ataque com arma numa escola do Brasil, que resultou na morte de uma jovem de 17 anos.

A investigação foi conduzida pela Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária, numa investigação titulada pelo DIAP de Lisboa, que contou com a colaboração da Polícia Federal do Brasil. Segundo o comunicado da PJ, a investigação "foi iniciada muito recentemente por esta Polícia, com caráter de urgência, tendo em conta a gravidade das suspeitas", e "visou conhecer e identificar a atividade perpetrada online pelo detido, um cidadão português que promovia o nazismo, incitando a comportamentos extremistas".

O jovem criou e gere um grupo na plataforma Discord onde participam "diferentes pessoas apologistas dos mesmos ideais e que pretendiam cometer atos semelhantes aos idealizados e propagados por aquele". Entre estes contam-se a automutilação grave de jovens, mutilação e morte de animais, difusão de propaganda extremista nazi, instigação e prática da “missão” de cometer massacres em escolas (filmados e transmitidos através do telemóvel) e, ainda, partilha e venda de pornografia infantil.

"A PJ conseguiu já apurar que este tipo de condutas foram partilhados no grupo, incluindo transmissões ao vivo de agressões contra animais que levam à sua mutilação e morte, jovens a beber detergente e a auto mutilarem-se com objetos cortantes", refere o comunicado.

No grupo do Discord, o jovem que foi detido "prestava conselhos quanto ao modus operandi e indumentária a envergar pelos demais intervenientes aquando da preparação e prática dos crimes". Foram realizadas buscas domiciliárias, tendo a PJ "apreendido um vasto acervo probatório, designadamente material informático e digital".

No âmbito das atividades do grupo a PJ indica que foi planeado um ataque com uma arma de fogo numa escola de Sapopemba, no Brasil. O autor do crime partilhou no grupo imagens da arma que iria usar, um revólver calibre 38, e da balaclava (gorro), assim como da escola onde estava planeado o ataque e que viria a resultar na morte de uma jovem do sexo feminino de 17 anos.

A PJ indica que este tipo de criminalidade é definida pela lei como criminalidade violenta e criminalidade especialmente violenta, sendo considerados crimes de prevenção e investigação prioritária.

Agora a investigação vai prosseguir para "identificar, em termos internacionais, outros agentes dos crimes em que possam estar envolvidos nesta rede e neste tipo de condutas".

O jovem detido vai ser presente hoje à autoridade judiciária para aplicação das medidas de coação.