Já tínhamos partilhado as nossas primeiras impressões relativamente ao Aquaris X5 da BQ, o smartphone que a marca espanhola preparou para atacar o mercado no final de 2015. Na altura dissemos que o smartphone “tem sem dúvida um aspeto mais moderno do que qualquer outro dispositivo móvel da BQ até à data” e que “não pode ser considerado como um líder no seu segmento ao nível de especificações”.

Depois de algumas semanas de testes com o equipamento as ideias já referidas saíram reforçadas. A revolução visual é muito bem vinda, mas a BQ devia ter ido mais longe nas especificações do smartphone para ter um maior impacto junto dos consumidores.

É que no segmento de média gama o mercado está mais concorrido do que nunca. Mas é aí que entra o Aquaris X5 Cyanogen Edition. Ao contrário do X5 ‘normal’, que vem equipado com o sistema operativo Android 5.1, esta versão vem com o sistema operativo Cyanogen.

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Na prática é uma versão ‘cozinhada’ do Android, uma que aproveita as melhores partes do sistema operativo, conjugando-as com alguns afinamentos. Se antes a Cyanogen era uma iniciativa indie, atualmente já é uma empresa.

Posto isto, o que vale este Aquaris X5 Cyanogen Edition? Escolhemos cinco pontos do smartphone que vão ajudá-lo a tomar uma melhor decisão de compra.

1. Um fã do ‘metal’ com espaço para evoluir
Afirmando mais uma vez: sem dúvida que este é o dispositivo da BQ com melhor aspeto e com melhor qualidade de construção. Só o aro lateral do equipamento é construído em alumínio, mas esse foi um caminho no qual a Samsung já esteve e onde a LG está atualmente, por exemplo.

A aposta no metal permitiu que a tecnológica espanhola fizesse ajustes no design, passando o smartphone um aspeto mais amigável e de fácil utilização. As linhas arredondadas ajudam nesta tarefa.

No entanto é notório que o alumínio usado neste Aquaris X5 Cyanogen Edition não é o mesmo usado em smartphones topo de gama. Apenas de andar de bolso em bolso ficou com uma pequena marca e que devido à construção em metal, é mais notória na sensibilidade da mão.

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A BQ podia ter ido um pouco mais longe na reconfiguração do equipamento apostando num material diferente para a parte traseira. Continua a usar o mesmo plástico mate que sempre caracterizou os dispositivos da marca. Se este era uma tentativa de renovação da linguagem da empresa nos smartphones e tablets, então pedia-se mais.

Mas pelo menos a BQ já consegue estar em igualdade de ‘argumentos’ relativamente a outros equipamentos do segmento de média gama.

2. A receita de fazer menos com mais
Quem ler as análises já feitas aos equipamentos da BQ vai reparar que os ecrãs são sempre gabados - é como se a empresa conseguisse fazer mais, com menos. O painel de cinco polegadas apresenta-se com uma resolução de 1.280x720 píxeis, ficando longe do Full HD que já vai sendo comum em dispositivos de média gama.

Mesmo não sendo Full HD, o ecrã do Aquaris X5 apresenta uma boa definição nos contéudos e as cores reproduzidas são muito corretas, sem exageros e também não ficando ‘subnutridas’. Do ponto de vista técnico, o ecrã volta a ser o melhor elemento neste smartphone da BQ.

Está por isso garantida uma experiência boa na visualização de vídeos no YouTube, na navegação pela galeria de fotografias e também no consumo de textos na Internet. Pois além dos pontos já referidos, o painel consegue ainda assegurar um nível de brilho muito satisfatório.

É caso para dizer que este ecrã é ‘pau para toda a obra’.

3. O problema de prometer mais e dar menos
Se os ecrãs são bons, reconhecido é que a área da fotografia está longe de ser a praia da BQ. O Aquaris X5 Cyanogen Edition tem um sensor de 13 megapíxeis, mas os resultados deixam a desejar.

Apesar de cumprir como câmara fotográfica ocasional, a verdade diz que as fotografias captadas com o smartphone apenas ‘cumpriram’. Mesmo conseguindo fotografias com detalhe e bons recortes, a gestão da luminosidade por vezes prejudica os resultados finais.

Ao contrátio de outras experiências tidas com smartphones BQ, as cores das imagens conseguidas com o Aquaris X5 são vibrantes e têm uma saturação apelativa. Não lida tão bem é com os contrastes e com cenários de iluminação artificial.

Em ambiente noturno o desempenho está em linha com outros equipamentos do mesmo segmento, isto é, não deslumbra, mas também não compromete, sendo essencial ter uma mão firme já que não existe estabilizador de imagem.

É pena que a BQ não consiga conjugar os bons ecrãs que tem com sensores fotográficos mais ambiciosos, pois este é o segredo dos grandes smartphones como o LG G4 ou o Samsung Galaxy S6.

4. Cyanogen sem grande brilho
Confesso que para mim o grande atrativo neste smartphone era o sistema operativo Cyanogen. Usei bastante as ROMs CyanogenMod ‘cozinhadas’ pela comunidade de programadores, pelo menos até ter aparecido o Android 4.1. A partir daí penso que o sistema operativo da Google passou a cumprir bem em todos os capítulos, menos no campo das atualizações.

Mas aquilo que conhecia do CyanogenMod como uma verdadeira alternativa para os que queriam explorar ao máximo a versatilidade dos seus smartphones, parece ter encontrado um caminho mais estável - e esse caminho é o sistema operativo Cyanogen.

Na prática é em tudo igual ao Android no que diz respeito ao funcionamento, mudando apenas questões de design como o inicializador de aplicações ou algumas transições no software. E do ponto de vista da utilização diária, o utilizador não encontrará grandes motivos para querer deixar o Android em detrimento do Cyanogen.

Nota-se que o Cyanogen é uma versão mais despida e mais leve do sistema operativo móvel da Google, mas não vi vantagens diretas relativamente ao Android puro que a BQ aplica na maioria das vezes nos seus smartphones.

O desempenho é fluído e existem algumas aplicações diferentes - como o AudioFX, um browser, uma aplicação dedicada à personalização do software, o email é da Boxer e também há uma aplicação de câmara própria. Mas a verdade é que devido à força do hábito as aplicações Google como o Chrome e o Gmail foram a primeira escolha.

Tenho no entanto suspeitas de que o Cyanogen traz uma grande vantagem…

5. Autonomia para dois dias sem grande ginástica
Talvez pelo facto de ser uma versão mais leve e otimizada do Android - pois o Cyanogen está disponível para um número limitado de equipamentos -, a gestão de energia está muito bem afinada.

Isso é notório. Numa utilização normal e sem poupanças, o smartphone consegue aguentar dois dias de utilização sem necessitar de carga. Se puxar pelos jogos ou pela Internet 4G de formais mais contínua, os efeitos fazem-se sentir. Mas mesmo nestas alturas a bateria aguentou sempre mais do que um dia, tendo sido a melhor surpresa deste Aquaris X5 Cyanogen Edition.

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A autonomia varia muito de acordo com a utilização que cada um lhe dá, mas as indicações deixadas por este BQ deverão ser satisfatórias para a esmagadora maioria dos utilizadores.

Considerações finais

O Aquaris X5 Cyanogen Edition é um smartphone que cumpre - tem bom desempenho e boa fluídez. O processador escolhido, Snapdragon 412 de quatro núcleos, é 'jeitosinho' também dá uma ajuda no menor consumo energético, mas não permitirá ao utilizador ter uma grande potência. É por isso um smartphone para os próximos dois anos, sem não for exigente.

Outras características passam pelos 16GB de armazenamento interno e pelos 2GB de RAM. Estes valores deverão ser suficientes para uma boa parte das utilizações.

Agora o consumidor terá de perceber que características valoriza mais: se prefere ter uma boa câmara, talvez deva olhar para alternativas de outras marcas a Sony ou a Huawei; mas se prefere autonomia, então é no X5 que deve apostar.

O ecrã apesar de não ser Full HD, como alguma concorrência já apresenta, cumpre bem a sua função.

O Aquaris X5 custa 240 euros. Pelo preço o utilizador estará a pagar mais pela renovação do design e pela proposta de ter um sistema operativo diferente. Sobre este último ponto deve estar disposto a espremer esta opção que é o Cyanogen, já que numa utilização normal acabará por não notar grande diferença relativamente ao Android.

Se no exterior o smartphone convence, no interior as especificações técnicas podiam ter sido muito mais ambiciosas. Ainda que as escolhas da BQ não tenham, no curto prazo, um impacto direto na performance do smartphone, a verdade é que para uma estratégia a curto prazo talvez o valor mais indicado do Aquaris X5 Cyanogen Edition pudesse ser um pouco mais baixo.

Rui da Rocha Ferreira