O HTC One S é o "irmão do meio" da família de quatro dispositivos equipados com Android 4.0 que a HTC começou a comercializar em Portugal em meados de abril. Vem equipado com um ecrã de 4,3 polegadas e um processador dual-core de 1,5 GHz (e 1 GB de RAM) - que se mostrou à altura de todas as solicitações. Mas as primeiras palavras que nos vêm à cabeça quando recordamos o modelo continuam a ser "design" e "multimédia".

Isto porque as características que primeiro "saltam à vista" quando se pega neste telefone são a qualidade do ecrã e o cuidado na escolha dos materiais e design do equipamento. Depois há o som, em que a empresa vem apostando cada vez mais desde que comprou a Beats Audio, e a imagem, a beneficiar de uma câmara onde já quase nada parece ter sido deixado ao acaso.

Não sendo o topo de gama da nova linha, não houve nada de que sentíssemos falta durante os dias em que o tivemos nas mãos. Nada que pudesse ser oferecido pelo modelo One X, até porque as principais diferenças entre os dois se situam ao nível do processador e do tamanho do ecrã - onde a tecnologia empregue é a mesma.

A verdade é que as generosas dimensões do HTC One S se revelam mais do que suficientes para tirar total partido da qualidade por este oferecida - que se torna particularmente útil na visualização de conteúdos vídeo ou de fotografias.

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A navegação na Web também fica facilitada quando não temos de medir cada milímetro disponível para acertar com os dedos no botão certo.

Nós não queríamos um ecrã maior. E ao nível da qualidade, não havia mais que se pudesse pedir. Durante a apresentação do modelo, a HTC explicava que a tecnologia usada nos ecrãs dos HTC One assegurava que independentemente da posição em que o utilizador se encontrasse face ao terminal, a qualidade da imagem e definição oferecida pelo ecrã seria a mesma. Tanto quanto nos foi possível comprovar, é verdade.

É, de facto, impressionante a definição, a vivacidade das cores e o brilho (mesmo no exterior) oferecidos pelo ecrã, cuja resolução se situa, segundo a lista de especificações técnicas do telefone, nos 540 x 960 pixéis.

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A "prioridade ao design" fica patente, para além das já referidas preocupações com a qualidade dos materiais empregues, no facto de One S sair de fábrica também com o selo de "o mais fino" da HTC, algo que se comprova e percebe quando o temos nas mãos… ou no bolso.

O modelo tem apenas 7,8 milímetros de espessura e não pesa mais de 119,5 gramas, com a bateria incluída - detalhes que se apresentam como mais duas boas razões para gostarmos dele.

Convém porém referir que o material em que é construído o telefone, alegadamente criado para resistir a riscos e dispensar a utilização de capas, se revelou uma deceção. Apesar de agradável ao toque e à vista, rapidamente passou a ostentar alguns riscos na parte de trás. E não foi preciso sujeitá-lo a maus-tratos ou testes difíceis.

Menos satisfatória, no que ao hardware concerne, é a inexistência de um botão dedicado à câmara. Até porque falamos de um dispositivo onde a máquina integrada é considerado um dos pontos fortes.

Com 8 megapixéis de resolução, flash LED inteligente (que se adapta à distância a que o objeto fotografado se encontra) e sensor para captações otimizada em ambientes de pouca luz, a câmara conta com uma lente de abertura F2.0 e lente grande angular de 28mm. As características refletem-se, por exemplo, na possibilidade de tirar fotos com maior largura de campo do que é habitual com telemóveis ou na luminosidade patente nas imagens captadas - de acordo com a fabricante até 40% do que era possível com modelos anteriores da marca.

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Outra das mais-valias introduzidas é a capacidade de captar sequências contínuas de fotografias, com intervalos inferiores a 0,2 segundos entre elas. O utilizador pode depois escolher guardá-las todas ou selecionar a melhor imagem da sequência.

Tem capacidade para gravar vídeos Full HD (1080p), com ajuda de um estabilizador de imagem, e beneficia também, em matéria de sofwtare, das melhorias introduzidas com a última versão da interface de utilizador HTC Sense 4 (lançada com estes modelos), como a possibilidade de tirar fotografias (com 8 megapixéis) sem ter de parar de filmar. Para além disso, continua a assegurar a possibilidade de selecionar frames do vídeo e transformá-las em fotos (embora com uma qualidade inferior, próxima dos 2 megapixéis).

Para além desta câmara na retaguarda, existe uma frontal, que assegura funcionalidades como a videochamada, de qualidade VGA.
À semelhança do que acontece com o botâo de hardware para a câmara, foram dispensadas quase todas as teclas físicas no terminal. Permanece uma fina barra do lado direito, para ajustar o volume, e o botão colocado no topo que bloqueia/desbloqueia e liga/desliga o equipamento.

Mesmo os botões de navegação sensíveis ao toque são apenas três: o destinado a "retroceder", um para voltar ao menu inicial e outro que coloca em perspetiva os vários ecrãs iniciais e aplicações em execução, permitindo ao utilizador selecionar um deles e navegar para ele. A quarta tecla com que nos tínhamos habituado a contar na base do ecrã foi suprimida nesta versão do Android, e as funcionalidades que normalmente lhe estavam associadas passam a estar disponíveis a partir de menus nas aplicações - ou de um botão virtual no canto superior direito do ecrã. A adaptação não será imediata mas é fácil de gerir e não causa transtornos.

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A referência serve de pretexto para passarmos a falar do software, aqui "manipulado" pela nova versão da interface com que a HTC personaliza os telemóveis que saem das suas fábricas. O aspeto é semelhante ao de versões anteriores do HTC Sense, estando lá o habitual anel de desbloqueio - que pode, porém, ser substituído por outo comando para o efeito, mas que nós optámos por manter - e os vários ecrãs iniciais que podemos preencher com aplicações e widgets. Existe, no entanto, uma nova janela no canto inferior direito do ecrã principal a que a marca chamou Favoritos, que permite facilitar o acesso às aplicações mais usadas pelo utilizador.

Interessante é também a nova secção Música, um separador que reúne as várias aplicações de música fornecidas com o telefone ou instaladas pelo utilizador, com o objetivo de permitir a gestão num só separador de todas funcionalidades com o mesmo fim.

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Para além das aplicações de terceiros que o HTC One S traz pré-instaladas (SoundHound, TuneIn Radio e 7digital), agradou-nos o software da marca para reprodução de música. O funcionamento é simples e intuitivo e oferece todas as funcionalidades que nos habituámos a encontrar num leitor multimédia, facilitando a tarefa de ouvir música no smartphone. E pode ficar descansado enquanto o faz que não vai ficar imediatamente sem bateria.

Tanto quanto pudemos verificar, a bateria de 1650 mAh está à altura das necessidades de uma utilização mais "voltada para o multimédia" sem ser preciso oferecer ao telefone mais do que a habitual recarga ao final do dia (habitual neste tipo de modelos), mas devemos confessar que não somos dos que andam sempre com as "antenas (Wi-Fi) no ar"…

Já que falámos em música vale a pena referir a qualidade do mesmo. A empresa comprou a Audio Bets e tem-se esforçado por integrar a tecnologia nos terminais tanto quanto possível. Nos últimos exemplares a utilização é "transversal a toda a experiência de utilização do equipamento", garantem. Nós confirmamos: o som é bom - mesmo quando falamos de videoclips de música no YouTube ouvidos nas colunas do telefone, de chamadas VoIP ou de recorrer ao microfone para gravar entrevistas. Sim, nós gostamos de arriscar.

Nota positiva ainda para os pequenos detalhes que se prendem com a integração dos vários serviços e funcionalidades acessíveis a partir do telefone - capazes de facilitar o dia-a-dia de um utilizador.

Aqui é possível, por exemplo, tirar uma fotografia, adicionar-lhe efeitos com a própria máquina do telefone ou aplicações descarregadas, editá-la, carregá-la para o Picasa, Flick, Dropbox (com direito a 25GB gratuitos por dois anos) ou SkyDrive (otimizado para HTC Sense), enviá-la para o email, partilhá-la nas redes sociais… ou adicionar-lhe texto e voz e guardá-las nas Notas.

Para "guardar", pode contar com uma memória interna de 16 GB, e se preferir pode passar os conteúdos para ecrãs maiores recorrendo à tecnologia DLNA ou através da porta micro-USB 2.0 (5 pinos) com ligação de vídeo de alta definição móvel (MHL) para ligação USB ou HDMI (é necessário um cabo especial para a ligação HDMI.

Não conte é com cartões microSD: por baixo da capa do telefone só há espaço para o cartão SIM (microSIM) - e ainda bem, porque chegar lá não é fácil, principalmente para quem preze o verniz nas unhas.

Pouco simpático será também o preço, uma vez que o HTC One S está à venda em Portugal livre de operador por um preço recomendado de 599 euros e ainda não há indicações sobre a disponibilização por parte de nenhum dos operadores nacionais.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes