A tecnológica espanhola apresentou o seu BQ Aquaris M10 em meados de outubro do ano passado. Na altura, o tablet chegou às lojas como um equipamento consistente, com uma boa relação qualidade-preço e com um sistema operativo Android totalmente funcional e amigo do utilizador.

Mas a BQ quis inovar. Em fevereiro, a empresa anunciou o lançamento de uma nova versão deste M10. Em parceria com a Canonical, a tecnológica decidiu criar o primeiro tablet do mundo com sistema operativo Ubuntu e, de acordo com a empresa, o primeiro a convergir funcionalidades de continuidade com o PC.

A articulação de um tablet com software livre é uma ideia inovadora e foi aplicada a um bom tablet, no entanto, o resultado, é no mínimo, frustrante. O TeK experimentou este equipamento e explica-lhe porquê.

Hardware

Este é um tablet pouco extravagante com um design simples e monocromático - preto ou branco. A traseira é em plástico com um acabamento em mate (onde é fácil deixar algumas marcas) e o ecrã estende-se por 10.1 polegadas protegidas por um vidro Asahi Dragontail X. No que à resolução diz respeito, há duas opções disponíveis: uma Full HD 1920 x 1200 com 224 ppi e uma HD de 1200 x 800 com 149 ppi.

Nas laterais do tablet compreendem-se dois botões físicos - um controlador de volume e um botão de bloqueio - e três entradas: uma micro-USB OTG, uma micro-HDMI e ainda uma entrada para cartões de memória microSD até 200GB. 

Os altifalantes, por sua vez, foram embutidos na parte frontal, proporcionando uma experiência auditiva mais imersiva.

Debaixo do "capô" esconde-se uma RAM de 2GB, um processador quad-core MediaTek MT8163 de 64-bits e um GPU Mali-T720 MP2 que potencia uma performance gráfica que não vai para além do razoável.

No Aquaris M10 há ainda duas câmaras, frontal e traseira, com 5MP e 8MP, respetivamente. No entanto, o facto de não haver mais tecnologia que as complemente, dá origem a fotos pouco satisfatórias.

Nos testes que fizémos à câmara, as fotografias captadas saíram com uma grande concentração de grão e, em ambientes menos iluminados, não é possível fazer nada com elas.

Tudo isto fica comprimido num equipamento com 470 gramas de peso e com dimensões de 246 x 171 x 8,2 mm, valores que facilitam a portabilidade do equipamento e o evidenciam enquanto uma proposta compacta. Neste aspecto, desejaríamos apenas que a moldura fosse mais reduzida. Numa altura em que a Samsung aposta em smartphones com ecrãs Edge, é de estranhar que os tablets continuem a apresentar tantos centímetros de moldura.

Sistema Operativo

O que noutras ocasiões não merece atenção por geralmente obedecer à dicotomia iOS/Android, neste caso é de maior importância. O maior destaque deste tablet reside no sistema operativo porque é ele a maior razão da sua existência...infelizmente.

Se for pouco conhecedor do Ubuntu e do Linux, no geral,(v.15.04) pode esperar uma experiência pouco fluída neste tablet, mas se for muito conhecedor...também.

Chega a ser paradoxal que a BQ se tenha dado ao trabalho de lançar uma versão completamente nova deste equipamento por causa do Ubuntu. Mesmo com as funcionalidades de continuidade, a maioria das apps fundamentais não é sequer compatível com equipamentos móveis e, mesmo as que funcionam neste Aquaris M10, deixam muito a desejar.

Neste aspecto, a Canonical decidiu mal face às dimensões do ecrã com que estava a trabalhar. Tendo em conta que os tablets se inserem num espaço compreendido entre as dimensões de um smartphone e de um desktop, seria de esperar que, pelo menos as apps nativas (como o LibreOffice, por exemplo), beneficiassem de uma reorganização e redimensão dos elementos que as compõem. No entanto, o que o Ubuntu oferece são versões semelhantes às do computador, o que, consequentemente, resulta em experiências pouco adequadas para o aparelho em questão. Na prática, os ícones ficam mais pequenos e os dedos não ajudam à situação. Comuns, tornam-se os cliques nas opções erradas, o não reconhecimento da seleção das opções e muitos outros fenómenos frustrantes que tornam a paciência num fator essencial para lidar com esta versão do sistema.

No entanto, apesar das experiências pouco positivas, as limitações da loja de aplicações consequem ser a característica mais exasperante deste SO.

Facebook? Não há. Messenger? Não há. Instagram? Não há. Snapchat? Também não. Lightroom? Muito menos.

Face a isto, a comunidade de utilizadores já tenta preencher os espaços com versões oficiosas das apps, mas, de acordo com os comentários, com pouco sucesso.

Por estas e portras razões, o Ubuntu evidencias bastantes diferenças faca áquilo a que o iOS e o Android nos habituaram, no entanto é uma questão de tempo até se ambientar à lógica e à organização deste SO que também não faz tudo mal.

Um dos pontos a favor são os Scopes, uma página onde é possível visualizar informação de várias aplicações em simultâneo. Uma funcionalidade muito útil para as apps de noticias. 

Bateria

Neste cesto, o Aquaris M10 marca pontos.

A BQ equipou-o com uma bateria de 7.280mAh e assegura que o tablet consegue aguentar 150 horas em stand by, 10 horas de reprodução de vídeo e 60 horas de reprodução áudio. Embora o TeK não tenha conseguido testá-lo em qualquer programa oficial, a utilização que lhe demos pareceu alinhar-se com os números da empresa espanhola.

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Se está à procura de um tablet que não lhe ofereça resistência, esta não é a escolha certa. O BQ Aquaris M10 Ubuntu é uma pedra de toque entre um aparelho que tem conhecido pouca inovação e um elemento inovador capaz de lhe oferecer muita capacidade graças ao seu código aberto. No entanto, a fase prematura em que esta relação se encontra ainda não é capaz de conferir a melhor experiência possível ao utilizador, principalmente quando é inevitável transitar para um SO tão diferente com os tiques do iOS e do Android. Se o tablet lhe interessa, leve em conta que existe uma versão Android que a empresa espanhola lançou no ano passado.

Caso seja adepto deste tipo de software, então esta é uma boa aposta para explorar e melhorar ao longo do tempo. O facto de ser o primeiro da sua espécie torna o limar das suas arestas numa tarefa indispensável com que todos os utilizadores de Linux devem colaborar.

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A possibilidade de o utilizar como desktop é atraente, no entanto, com vista à afinação dessa característica, alguns pormenores acabam por revelar falhas difíceis de compreender (como o facto de não ser possível utilizar o Mozilla Firefox sem recurso a um teclado externo, por exemplo). Mas mesmo neste formato o Aquaris apresenta falhas que hipotecam uma possível sessão produtiva em frente a este ecrã. Na conectividade deparamo-nos com a maior delas: inexistência de cobertura para internet móvel. É por pormenores como este que o aparelho é frustrante. Mas deixa a ideia de que é possível fazer um futuro de tablets com Ubuntu.

O tablet já está disponível na loja online da BQ e custa 279,90€ na sua versão Full HD e 229,90€ na versão HD. Um preço bastante elevado para um puzzle, mas aceitável enquanto plataforma de exploração para os entendidos do Linux.

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