O fenómeno não é novo. Os jovens são abordados online através de serviços de mensagens instantâneas por alguém que se apresenta como um amigo(a) da mesma idade e com quem mantém conversas que acabam por resultar na partilha de informações privadas, e muitas vezes de fotografias ou vídeos comprometedores, alguns de cariz sexual. Embora muitos destes casos acabem por nunca chegar ao conhecimento das autoridades, a Europol admite que a "sextortion" ou "chantagem com webcam" está a aumentar e que a coerção de jovens e crianças, e a sua exploração com objetivos económicos cresceu exponencialmente nos últimos anos.

O relatório hoje divulgado revela que há casos de abordagens a crianças com apenas 7 anos de idade e que há dois tipos de interesses envolvidos: o interesse sexual no qual o atacante quer obter fotos ou vídeos do seu alvo para partilhar ou provocar um encontro offline, mas também o objetivo económico, de fazer chantagem para conseguir o pagamento de um "resgate", ameaçando divulgar as imagens e vídeos junto de amigos e familiares.

Em ambos os casos, os dados obtidos pela Europol indicam que as raparigas são as vítimas mais frequentes de chantagem que envolve material sexualmente explícito (84%), enquanto os rapazes são mais vezes abordados com interesses de chantagem financeira (32% quando comparados com 2% no caso de vítimas do sexo feminino.

Esta é uma tendência ainda relativamente recente no abuso online, mas começam a surgir também casos em que o atacante exige que os jovens envolvam outras crianças na partilha de vídeos e imagens explícitas, sejam  familiares ou amigos, o que pode afetar mesmo aqueles que adotam práticas mais seguras online.

Para responder ao preocupante crescimento deste tipo de ataques a Europol acaba de lançar a campanha #SayNo, com diversos materiais e vídeos em várias línguas que mostram como os atacantes atuam e incentivam os jovens a recusar estas abordagens.

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Entre os conselhos a Europol sublinha que é importante que os jovens reportem este tipo de abordagens e casos de pressão às autoridades, e que nunca paguem as quantias exigidas. Interromper a comunicação e bloquear a pessoa que está a fazer estas exigências, mas também procurar ajuda junto dos pais e educadores, fazem também parte das recomendações da autoridade europeia, que pede aos jovens para não apagarem as conversas e imagens e para preservarem provas que possa ser usadas para identificar os agressores.

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O documento deixa também um alerta para o impacto psicológico que este tipo de ameaças pode ter junto dos jovens, e que não deve ser subestimado. Em alguns casos houve tentativas de suicídio e automutilação a reportar