É o próximo passo no desenvolvimento de tecnologia para carregamento de dispositivos portáteis: a utilização de sistemas wireless que dispensam a utilização de fios e dos convencionais carregadores. Nokia e Duracell já vendem soluções, mas mais fabricantes estão na corrida.



Depois da Duracell colocar no mercado, há cerca de três anos, aquele que foi o primeiro carregador de telemóveis "sem fios" comercial em larga escala - o MyGrid - o conceito de carregadores wireless começa finalmente a ocupar os temas mais importantes das agendas dos fabricantes de terminais.


São várias as tecnologias patenteadas, em desenvolvimento ou já em comercialização, para tornar o carregamento de pequenos dispositivos eletrónicos mais simples, todos eles com um objetivo comum: substituir os cabos e as fichas normalmente usados entre os carregadores e os equipamentos, por métodos de carregamento por contacto simples ou, em vários casos, sem contacto físico.


O tema voltou à tona na semana passada, quando a Nokia apresentou os seus novos Nokia Lumia 920 e 820, ambos compatíveis com a funcionalidade de carregamento da bateria por contacto sem fios. Mas esta é apenas a face mais mediática de uma tendência que, desde há vários anos, está a ser desenhada.


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Ganhará o utilizador com menos problemas de compatibilidade e facilidade de utilização; ganharão os fabricantes com novas tecnologias e economias de escala; e ganhará também o ambiente, não só com a eficiência energética prometida por estes equipamentos, como com a redução de componentes normalmente necessários para criar cabos e carregadores.


O TeK foi espreitar o que reservam os fabricantes sobre as soluções de carregamento sem fios e não foi difícil perceber que, para já, é o reino dos telemóveis a cativar a maioria. Mas algumas ideias prometem ir mais longe, apresentando o carregamento wireless como "o próximo passo" neste mercado. Eis algumas das soluções:


Nokia Wireless Charging

Os novos smartphones Lumia 920 e 820 ensaiam uma tecnologia de carregamento da bateria sem fios, que promete tornar-se norma em todos os fabricantes de terminais, já que é compatível com o sistema proposto pelo consórcio Qi-Wireless Power technology.

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Em termos práticos, este sistema de carregamento por indução magnética parte de uma base emissora de corrente composta por um rolo de compósitos metálicos, que criam um campo magnético através do qual é induzida voltagem. No telemóvel deverá existir uma bateria comum rolo semelhante, mas que vai funcionar como o recetor da corrente induzida.


É deste modo que os novos smartphones da Nokia podem ser carregados sem necessidade de ligar fisicamente os equipamentos, bastando encostá-los à base.


A fabricante finlandesa parece apostada em aproveitar esta tecnologia não só como ferramenta de marketing ligada à inovação, mas também para potenciar a venda de acessórios e equipamentos complementares à volta dos Lumia.

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Por exemplo, com o anúncio dos novos 920 e 820 surgiram também bases de carregamento - uma delas em forma de almofada - bem como um novo sistema compacto de som da JBL, que se liga a um Nokia através de tecnologia NFC ou Bluetooth e carrega as baterias do smartphone usando o sistema Nokia Wireless Charging.


Embora o chassis do novo Lumia 820 não esteja preparado de raiz para usar a tecnologia de carregamento sem fios, a Nokia desenvolveu uma capa específica que compatibiliza este modelo com a tecnologia.


Duracell PowerMat

É outra das soluções de carregamento sem fios já disponível no mercado, que recupera a tecnologia de carregamento por indução magnética e a reúne com soluções da própria Duracell.

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Em 2009 a empresa ensaiou uma solução semelhante denominada MyGrid (ainda hoje possível de encontrar em Portugal), mas na verdade obriga sempre a ligação de um adaptador aos telemóveis ou dispositivos a carregar.

Agora, a solução PowerMat permite realmente o carregamento da bateria de um telemóvel, encostando-o apenas ao carregador.


A boa notícia é que esta solução da Duracell tende a ser universal, pois o sistema baseia-se em capas especiais para colocar nos smartphones e, deste modo, permitir o seu carregamento por contacto. A má notícia é que, para já a Duracell apenas comercializa capas para o iPhone.


Em todo o caso, é nas capas que reside a ligação física aos terminais: para os iPhones ainda uma ficha de 30 pinos; para os modelos de outras marcas tendencialmente será o micro USB.


O sistema PowerMat (cerca de $100) é composto por uma base de carregamento em forma de tabuleiro, pela capa de telemóvel e por um acumulador portátil com fios, que se carrega na Base PowerMat e pode depois carregar a bateria de um telemóvel (tem ficha de 30 pintos e micro USB).


Alliance for Wireless Power (A4WP)

É uma proposta ainda no reino do desenvolvimento e da reunião de esforços entre empresas, mas que promete o desenvolvimento de tecnologias de carregamento sem fios com um objetivo mais amplo.


O consórcio independente Alliance for Wireless Power, que recentemente contou com a adesão da Samsung e da Qualcomm, promete a criação de um standard para carregamento wireless de baterias, não só de telemóveis e smartphones, mas de outros equipamentos eletrónicos como notebooks, tablets, máquinas fotográficas e os mais diversos acessórios.

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A ideia será a de criar dispositivos "stand-alone" para executar esse carregamento, mas também soluções para integrar em automóveis e mesmo em mobiliário. Ou seja, um carregamento sem fios e, já agora, invisível…


Uma visita ao site desta aliança permite conhecer um pouco melhor o conceito que a move, bem como o estado ainda latente das suas propostas…


Intel e Microsoft na corrida

Também em fase de conceito ou, na melhor das hipóteses, de projeto, estão as ideias que Intel e Microsoft reservam para o Universo do carregamento sem fios.


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No caso da Intel, o desenvolvimento de soluções wireless de carregamento faz parte dos seus laboratórios de investigação há vários anos, mas o fabricante promete para a primeira metade de 2013 novidades neste capítulo, através da tecnologia Wireless Charge Technology (WCT).


Não se trata de tecnologia de carregamento por indução, mas de uma verdadeira transmissão de pequenas doses de energia elétrica via wireless, como explica resumidamente um post publicado a 29 de agosto no blogue da empresa.


De acordo com a informação disponibilizada, esta tecnologia poderá ser aplicada a vários tipos de equipamentos - notebooks, PCs e smartphones, por exemplo. O objetivo é permitir que um qualquer equipamento possa carregar a bateria de outro quando necessário, bastando aproximá-los e ativar a funcionalidade de WCT.


Nesta área também a Microsoft está a desbravar algum caminho, apostando na tecnologia de carregamento por ressonância para alimentar eletricamente vários dispositivos em simultâneo.


Para já a informação oficialmente conhecida é a que consta da patente aprovada e publicada em agosto passado pelo United States Patent and Trademark Office, que refere "uma unidade de carregamento que será usada por um dispositivo eletrónico para carregar outro dispositivo eletrónico".


O texto integral do projeto pode ser conhecido aqui.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico