Com a chegada das lojas de aplicações, os nossos telemóveis prontamente se transformaram numa espécie de dispensa digital onde guardamos dezenas de apps e jogos. Face ao leque abrangente de funcionalidades que assim tomam conta dos nossos telefones, as baterias tornaram-se cada vez menos capazes, revelando dificuldade para fazer frente à nova era de exigências que lhes são feitas.

Embora a primeira solução que nos ocorra possa ser o "desenvolvimento de baterias com mais autonomia", Ekhiotz Jon Vergara, estudante da Universidade de Linköping, na Suécia, considera que há imenso espaço para tornar mais eficientes as baterias atuais. Um esforço que, de acordo com Vergara, deve ser liderado pelos programadores de aplicações. 

"Até agora [...] não quiseram saber muito sobre o consumo de energia das suas aplicações," defende.

E a sua última tese comprova esta ideia. No âmbito do doutoramento em Computação e Ciência da Informação, Vergara desenvolveu o EnergyBox, um aparelho pensado para medir a quantidade de energia consumida por vários tipos de gadgets quando ligados à internet para usar aplicações e jogos, segmento onde considera haver mais espaço para tornar as baterias mais eficientes.

Durante a investigação, Vergara utilizou a EnergyBox para comparar as quantidades de bateria utilizada por diferentes aplicações e jogos e identificar comunicações ineficientes de dados entre os telefones e os servidores das apps.

Um dos testes foi feito a serviços de chat como o Hangouts, Skype, WhatsApp, Viber, entre outros. Neste exercício, o agora doutorado, mediu a quantidade de dados utilizados para enviar cada mensagem e analisou a forma como a energia era consumida. No fim, foi possível aferir que as variáveis "bateria" e "dados" não estão necessariamente correlacionadas dado que as aplicações analisadas apresentavam dinâmicas diferentes. O Messenger, por exemplo, apresenta níveis altos de consumo de energia e internet, já o Kik utiliza a mesma quantidade de energia, mas requer muito menos dados móveis para dar seguimento às mesmas mensagens.

À atenção dos responsáveis pelas aplicações de chat, Vergara deixa um conselho que pode poupar uma quantidade considerável de bateria aos utilizadores: "Normalmente escrevemos, enviamos, escrevemos e enviamos, mas, se a aplicação condensar o que estamos a escrever e enviar tudo de uma vez, podemos poupar até 43% da energia normalmente utilizada".

Até ao fim deste ano, Vergara estima que existam cerca de 4,5 mil milhões de telefones no mundo inteiro. E se em 2013 o autor considerava que seria necessária uma "pequena central nuclear" para carregar o número de telefones existentes à data, atualmente seriam - com base nos seus cálculos - precisos 18 TWh de energia para o mesmo efeito – ou seja, agora a "pequena central nuclear" parece já não ser suficiente.