Para além da contestação de que é alvo por parte dos taxistas em quase todo o mundo, a Uber enfrenta agora reivindicações dos próprios trabalhadores.

Após lhes ter sido negado o pedido de formação de um sindicato pelo Conselho Nacional das Relações Laborais, mais de 1.000 motoristas da Uber criaram uma associação solidária para dar força a pedidos que são transversais a muitos daqueles funcionários: a definição de um salário mínimo e mais condições de proteção e segurança laboral.

A Amalgamated Local Livery Employees in Solidarity (Alles) foi criada no último Dia do Trabalhador (1 de maio) entre motoristas que operam no estado de Nova Iorque, que conta com mais de 50 mil condutores da Uber.

À AFP, o copresidente da Alles, Armughan Asar, dá conta que a redução de 15% no preço dos serviços, no passado mês de janeiro, teve como consequência o corte nas percentagens auferidas pelos motoristas. De acordo com Asar, é impossível viver com as atuais remunerações ao mesmo tempo que se faz frente às despesas decorrentes da manutenção dos seus carros.

"Pedimos um salário mínimo para os motoristas. Desde a redução do preço das viagens, ganhamos uns 5 ou 6 dólares por cada deslocação. Não se pode viver com isso", disse Asar.

Esta é mais uma das ações conduzida pelos trabalhadores da Uber em nome de melhores condições de trabalho, nos últimos meses.

Recentemente, uma ação judicial levada a cabo por motoristas da Uber da Califórnia e de Massachusetts, tentava conquistar o estatuto de “empregado” de forma a que as suas despesas de trabalho fossem reembolsadas. A empresa defende que os seus motoristas são “profissionais independentes” e que estas despesas são da sua total responsabilidade. Neste caso, a Uber está a tentar travar a iniciativa com o pagamento de 100 milhões de dólares que seriam alocados para fazer frente aos custos dos atuais motoristas.

Os protestos que agora são endereçados pelos seus próprios motoristas alinham-se com aquelas que têm sido as reclamações dos taxistas contra a empresa. Apesar destes últimos darem voz a queixas de “concorrência desleal”, as exigências agora feitas pelos colaboradores norte-americanos, poderiam empurrar a empresa para uma senda de exigências e regulamentações necessárias para continuar a sua atividade.

Em Portugal, ainda não há registo de reivindicações desta natureza por parte dos seus colaboradores. Por outro lado, os taxistas têm sido muito críticos com a atividade da Uber no país e já se registaram mais de 70 agressões entre motoristas dos dois serviços.