A atitude é diferente, embora, na génese, o tipo de serviço oferecido tenha os mesmos objetivos de outras plataformas de transporte alternativo: ligar clientes a motoristas através de uma aplicação móvel. Ao contrário destas concorrentes, contudo, a MyTaxi é uma operadora licenciada nos nove países onde marca presença, Portugal incluído.

A estratégia respeita a visão de “constructive disruption” adotada pela empresa. “Trazemos as novas tecnologias a um velho mercado, mas tentamos fazê-lo de forma justa, em harmonia com as cidades onde estamos e em sintonia com as entidades reguladoras e as que leis que já existem”, explicou Andrew Pinnignton ao TEK, na sua passagem pelo Web Summit.

O CEO da MyTaxi considera que esta é a estratégia que se deve ter, pelo menos na Europa. “É um ambiente político e regulamentado mais complicado do que em qualquer parte do mundo e se tentarmos ir pela estratégia one size fit all não vai funcionar bem”.

O facto de a MyTaxi ser detida em 75% pela Daimler “e não por uma venture capital que apenas quer recuperar o seu dinheiro de volta” é um aspecto diferenciador importante, segundo o responsável. “Temos um investidor de peso que acredita no futuro dos transportes a pedido nas cidades, algo que vai ser muito crucial para o seu negócio como fabricantes. Isso cria uma aproximação diferente ao consumidor”.

E foi precisamente o futuro dos transportes - e mais especificamente das plataformas de “boleias” - que trouxe Andrew Pinnignton a Lisboa para participar no painel “Pooling our carpooling networks: Ridesharing as a global gamechanger” do Web Summit.

Ao TEK “garantiu” que nesse futuro pouca gente vai ter o seu próprio carro, e por isso vão existir vários tipos e níveis de serviço para prestar. “É pensar no exemplo de voar: pode voar numa companhia low-cost ou num jato privado. O mesmo vai acontecer com os veículos: pode requisitar algo muito básico ou com mais “extras””.

E sim, os carros vão ser autónomos, mas não assim tão rapidamente como se possa pensar. “Vai acontecer, mas será uma transição gradual. Penso que nos próximos quatro anos, em 2020/2021, vamos começar a ver alguns veículos de teste na estrada, mas não efetivamente em grande número”.

Para o CEO da MyTaxi vamos continuar a ter condutores humanos dentro dos carros em muitas partes do mundo, “até que o nível de confiança dos consumidores, reguladores e políticos na tecnologia seja suficientemente grande”, mas no final “o veículo vai realmente transformar-se no condutor”.

E entre a fabricante, o dono do veículo ou a empresa detentora da rede em que o veículo opera, de quem vai ser a culpa quando um carro completamente autónomo tiver um acidente?  “Não sei a resposta a essa pergunta: É demasiado complexa e uma grande parte da razão de os carros autónomos não estarem na estrada já no próximo ano. É um dos maiores desafios que a indústria tem em mãos para resolver”.