Lembra-se do Project Ara? O equipamento que a Google prometeu trazer ao mercado em 2015 e 2016? Saiba que não ficou esquecido no sótão das inovações falhadas. O projeto tem estado em desenvolvimento e, na Google I/O deste ano, a empresa voltou a fazer uma demonstração que deixou uma ideia daquilo que será a versão final do telefone modular da empresa de Mountain View.

Em frente a uma multidão de programadores, Rafa Camargo, engenheiro responsável pelo projeto ARA, mostrou a integração do Google Assistant com o hardware do telefone. Um “Ok, Google. Ejeta o módulo da câmara”, fez a câmara desconectar-se automaticamente do resto do smartphone.

 

Da ideia inicial, há partes que ficaram para trás. Em 2013, quando a primeira equipa de desenvolvimento começou efetivamente a trabalhar no ARA, a ideia era criar um telefone totalmente modular. Com ecrãs, processadores, memórias e colunas substituíveis, com câmaras atualizáveis e módulos high tech que poderiam tornar o telefone em qualquer coisa difícil de obter com outra marca.

Embora parte importante deste conceito se mantenha presente, nem todos os componentes do telefone se tornaram em módulos trocáveis. Elementos como o processador, que foi inicialmente pensado para integrar esta lógica de reposição e atualização, já não pode ser substituído.

À Cnet, Camargo justificou, “quando fizemos os nossos estudos sobre o utilizador, descobrimos que a maioria não se interessa sobre a modularização dos componentes essenciais”.

Na conferência onde se falou sobre o ARA, também foi possível perceber outras características do telefone, como por exemplo o número máximo de módulos que vai suportar: seis. Para instalar o módulo, o processo não é mais complexo do que encaixá-lo na parte traseira do telefone, num dos espaços disponíveis, e utilizá-lo sem que seja necessário reiniciar o dispositivo. Quando o quiser retirar pode escolher um de dois métodos: fazê-lo manualmente, através do menu das definições ou pedindo ao Google Assistant.

A edição de programadores vai começar a ser entregue durante o próximo Outono. E, além do telefone, o pacote inicial vai chegar com quatro módulos: um altifalante, uma câmara, um ecrã E-Ink (ao estilo do Yotaphone) e um módulo de armazenamento.

No entanto, os módulos que deverão chegar ao mercado após o lançamento deste smartphone não se cingirão a um leque reduzido de possibilidades que oscila entre as câmaras, a memória e os sistemas de som.

O lançamento do kit para programadores vai servir exatamente para expandir a quantidade de funcionalidades possíveis de adicionar ao equipamento. O sistema de conexão desenvolvido pela Google vai permitir que sejam construídos módulos capazes de oferecer funcionalidades exclusivas, como um glicosímetro, ou um balão para medir a quantidade de álcool no sangue, por exemplo.

Outra das novidades na linha de telefones da Google é a unilateralização do projeto. Desta vez, e ao contrário do que é costume acontecer com os seus Nexus, o ARA não será construído por nenhuma outra empresa que não a Google, descartando assim antigas parceiras como a LG, a Huawei ou a Motorola.

Para vários dos responsáveis da gigante tecnológica, este é um telefone à prova do futuro. Em entrevista à CNET é possível perceber que os seus programadores acreditam que a personalização do equipamento vai fazê-lo perdurar no tempo.

“Temos de trazê-lo aos utilizadores, temos de torná-lo atraente, temos de fazer com que o percebam”, desabafou Camargo àquela publicação.