Sabia que a performance dos seus equipamentos eletrónicos pode ser afetada por forças invisíveis? Raios cósmicos, mais concretamente.

A conclusão é de um grupo de investigação da universidade norte-americana de Vanderbilt que diz que alguns dos problemas registados nos smartphones e computadores são, na verdade, causados por influência de partículas com carga elétrica geradas por raios cósmicos.

Apesar de inofensivos para os seres vivos, a energia de boa parte destas partículas é suficiente para interferir com o bom funcionamento dos circuitos eletrónicos de muitos dispositivos. Quando esta influência se regista, diz Bharat Bhuva, dá-se aquilo a que a comunidade científica chama de "transtorno de evento-único" ou, tecnicamente falando, SEU (single-event upset).

Mas para além das pequenas complicações que estes fenómenos podem gerar, a influência de raios cósmicos nos circuitos eletrónicos podem terminar em desastres de maior dimensão. Como explica um dos membros do Grupo de Investigação dos Efeitos de Radiação da Universidade de Vanderbilt, durante um SEU, estas partículas podem alterar parte dos dados armazenados num chip, levando à deformação de um píxel numa fotografia ou, mais grave, à queda de um avião.

"Isto é um grande problema, mas é invisível para a maioria do público", diz o responsável máximo pela investigação, Bharat Bhuva.

Em 2003, o fenómeno chegou a ser responsável por um erro eletrónico durante um ato eleitoral na Bélgica. Na hora da contabilização de votos estavam registados mais 4.096 votos num dos candidatos. O erro foi notado porque o número era superior ao máximo que era possível obter na região de Schaerbeekm onde estava a máquina eletrónica de voto afetada.

Apesar dos exemplos, Bhuva esclarece que os SEUs são eventos raros, mas à medida que os equipamentos eletrónicos estão cada vez mais presentes no quotidiano das pessoas, e que os transístores são cada vez mais utilizados nestes, o risco de ocorrência aumenta.

As fabricantes estão conscientes do perigo e estão a desenvolver soluções, mas as que existem, ainda não combatem esta influência cósmica da melhor forma.