A massificação dos drones privados tem criado vários problemas. Em Portugal, por exemplo, multiplicam-se os incidentes entre estes aparelhos e os aviões nos corredores aéreos de aproximação aos aeroportos de Lisboa e do Porto. O pior ainda não aconteceu, é certo, mas muitos acreditam que é uma questão de tempo.

Nos Estados Unidos, onde o mercado é maior, as preocupações prendem-se maioritariamente com a invasão de propriedades privadas e de outros espaços onde a privacidade é essencial aos serviços que hospedam. A situação tem merecido a atenção da comunidade de legisladores norte-americanos e o registo foi um dos primeiros passos dados no sentido de legislar a operação destes gadgets. O mesmo aconteceu em Portugal mais recentemente.

As soluções, no entanto, não se esgotam nas decisões políticas. Esta quarta-feira, em Washington, a DJI apresentou um aparelho que pode vir a resolver parte dos problemas que advêm da pilotagem privada de drones. A máquina chama-se AeroScope. Trata-se de um scanner aéreo, que funciona com os sinais de rádio que são transmitidos entre os controladores remotos e os drones, e é capaz de detetar qualquer drone da marca num raio de cinco quilómetros. A magia da máquina, no entanto, reside nos pormenores que apresenta. Neste caso é possível saber a localização, altitude, velocidade, direção, posição do piloto, ponto de descolagem, número de registo e número de série de cada drone detetado.

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A exposição imediata destes dados não só pode auxiliar a polícia na deteção de drones e pilotos em infração, como pode criar uma geração mais consciente de utilizadores.

De acordo com Brendan Schulman, atual vice-presidente da equipa de assuntos legais da DJI, "os drones que existem nos Estados Unidos já são mais do que o dobro das aeronaves tradicionais". "Acreditamos que a tecnologia e a educação são as melhores ferramentas para manter e melhorar os registos de segurança à medida que o número de drones continua a aumentar", afirmou o responsável.

Durante a apresentação, Schulman sublinhou ainda que a AeroScope é uma máquina desenvolvida para equilibrar as necessidades das autoridades e as preocupações dos clientes. "A solução da DJI fornece a informação que as autoridades precisam, ao mesmo tempo que assegura que os dados de utilização são apenas recolhidos nos voos que podem preocupar [as autoridades]. A grande maioria dos voos é seguro, responsável e rotineiro e nós acreditamos que não há razão para que estes sejam centralmente monitorizados e registados a nível central", defendeu.

Note que o AeroScope ainda só é capaz de identificar drones da DJI. A empresa detém a grande maioria do mercado de drones abaixo dos 5 mil dólares, mas é certo que nem todos os aparelhos voadores deste segmento pertencem à marca chinesa. É possível, por isso, que a empresa convide outras empresas a tornarem os seus drones compatíveis com o seu novo radar. De acordo com a mesma, bastará apenas um update no firmware de cada aparelho.