"O Estado pagará a diferença" do custo do computador Magalhães se as contrapartidas dos operadores móveis não forem suficientes, admitiu Mário Lino em entrevista à revista Visão. O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações adianta ainda que o dinheiro virá do Orçamento de Estado.

A questão sobre quem paga a factura do Magalhães é uma das incógnitas do modelo do projecto e-escolinha desde que este foi lançado. Enquanto no projecto e-escola ficou decidido desde o início que os operadores iriam investir nesta iniciativa os fundos reservados para a Sociedade da Informação na atribuição das licenças de 3G, no e-escolinha o envolvimento dos operadores não foi logo clarificado, até porque a ligação à Internet (de banda larga ou fixa) não é obrigatória.

Quando apresentou o e-escolinha, o Governo não esclareceu logo este modelo, apesar de vários operadores terem sido convidados para a assinatura de um protocolo.

A iniciativa que pretende entregar 500 mil computadores portáteis Magalhães, fabricados com base no design Classmate da Intel, prevê que os encarregados de educação paguem entre 0 e 50 euros (consoante os escalões de rendimento) para que as crianças entre os 6 e os 10 anos levem para casa o notebook. A incógnita reside precisamente sobre quem irá pagar a diferença.

O modelo de logística do Magalhães prevê que os portáteis sejam pedidos através das escolas, mais concretamente dos professores, sendo depois os operadores a centralizar os pedidos e a fazer a entrega dos computadores. Serão os operadores que pedem à JP Sá Couto os portáteis para entregar e que pagam as encomendas.

Até agora o Governo tem mantido a versão de que quem paga a factura são os operadores mas estes reclamam que as verbas destinadas à Sociedade da Informação não são suficientes para cobrir o e-escolas e o e-escolinhas, pelo que o dinheiro pode não chegar.

Mário Lino admite agora à Visão que o modelo do e-escolas prevê que os operadores móveis paguem o programa, mas no e-escolinhas a ligação Internet não é obrigatória. "Se o dinheiro dos operadores for insuficiente o Estado terá de colmatar a parte que faltar", justifica na entrevista.

Sem admitir que algo correu mal nos planos do e-escolinhas, Mário Lino diz ainda que o projecto foi concebido para ser pago pelos operadores e reforça a ideia afirmando que "a nossa convicção é a de que as ligações de Internet vão cobrir os custos. Se em 500, cerca de 200 mil quiserem ligação, o programa fica financiado. Mas, como o Governo decidiu que todas as crianças terão um computador, então, se esse financiamento for insuficiente, o Estado paga".

Recorde-se de que há algumas semanas atrás surgiram também notícias de que o Ministério da Educação estaria a pressionar as Autarquias para que estas financiassem o acesso Internet para os alunos que adquirissem o Magalhães, o que o ministério desmentiu afirmando que esta era uma proposta para colaborarem no projecto.