O Prémio Nobel da Física 2001 foi ontem atribuído a três cientistas que demonstraram em laboratório um novo estado da matéria que pode ajudar ao desenvolvimento da electrónica miniaturizada, computadores mais rápidos e instrumentos de medição mais precisos, segundo comunicado oficial publicado no site da Fundação do Nobel.




O Nobel da Física deste ano que é partilhado por Eric A. Cornell do National Institute of Standards and Technology americano,
Carl E. Wieman da Universidade do Colorado e Wolfgang Ketterle, do Massachusetts Institute of Technology. O galardão premeia os trabalhos desenvolvidos na demonstração da Teoria da Matéria Condensada, um estado da matéria proposta há cerca de 70 anos por Albert Einstein.


Os átomos formaram o que os cientistas denominam a condensação de Bose Einstein (BEC), um estado da matéria diferente dos sólidos, líquidos e gazes, em que um conjunto de átomos começa a actuar em uníssono como se fosse só um. O físico indiano Bose escreveu a Einstein no inicio dos anos 20 expondo as suas teorias sobre partículas de luz, tendo Albert Einstein desenvolvido a ideia de que se átomos de gás fossem colocados sobre pressão e se fosse possível abrandar os seus movimentos poder-se-ia atingir um novo estado da matéria.



Uma das experiências conseguiu que cerca de 2.000 átomos de gás passassem a actuar como um só, num mesmo estado de energia, o condensado Bose-Einstein. Para a experiência laboratorial os cientistas arrefeceram as partículas de gás a temperaturas próximas do zero absoluto, que corresponde a 0 graus Kelvin, ou menos 459 Fahrenheit (menos 273 graus Celsius), graças ao bombardeamento dos átomos por fotões de raios laser que diminuem a velocidade dos átomos. Embora não seja um principio inovador, os cientistas conseguiram melhor está técnica atingindo temperaturas mais baixas e encontraram formas de manter a temperatura de forma simples a ponto de não serem necessários grandes equipamentos.



O cientista Wolfgang Katterle, que tem trabalhado à parte dos outros dois físicos, também conseguiu demonstrar que é possível produzir um feixe de matéria no estado de condensação de Bose Einstein, uma espécie de "laser de átomos", e que poderia ser útil em medições com precisão atómica e na nanotecnologia.




Os cientistas acreditam que a utilização deste estado da matéria pode ajudar à criação de circuitos electrónicos de dimensões mais reduzidas e mais rápidos, graças à colocação de feixes de átomos neste estado nos circuitos. Outra potencial aplicação desta nova tecnologia está na construção de computadores quânticos.



Os trabalhos dos cientistas premiados foram realizados há apenas 6 anos, tendo sido fundamentais para avanços em mecânica quântica. Actualmente já existem novos desenvolvimentos e pesquisas nos campos da litografia electrónica, na nanotecnologia e halográfica, assim como na manipulação da velocidade com que a luz se propaga.




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