A realidade aumentada é uma tecnologia em expansão. Até há muito pouco tempo ensombrada pela realidade virtual, este sistema de articulação entre o mundo real e elementos digitais foi alavancado este verão com a ajuda de Pokémon Go, um fenómeno móvel, criado pela Niantic, que deu a conhecer as potencialidades da tecnologia a milhões de utilizadores.

Em conversa com o TeK, Nuno Silva, diretor de inovação da IT People, disse acreditar que o futuro passa maioritariamente por este tipo de realidade ao invés da virtual, uma tecnologia em que o próprio não acredita. "Já experimentei uns óculos VR e não consegui utilizá-los mais do que cinco minutos seguidos. Não acredito num ser humano catatónico", confessou.

O responsável destaca este pormenor como um dos pontos em que a AR pode efetivamente superar a "concorrente". A imersão é boa, mas quanto baste. Para Nuno Silva, a ligação ao mundo real é essencial para tornar a sociedade tolerável à tecnologia e "a realidade virtual cria esse mesmo obstáculo ao ser humano".

Nos círculos internacionais tecnológicos, a opinião do diretor não reúne consensos, mas do seu lado da barricada, há apoios de peso. Tim Cook é um deles. No passado mês de setembro, em entrevista ao Good Morning America, o CEO da Apple defendeu que "a realidade aumentada é o futuro das realidades alternativas".

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Apesar de não terem obrigatoriamente de se anular uma à outra, ambas competem no terreno pela atenção das empresas. Nesta terceira edição do RALi, que decorre na FIL até ao próximo dia 23 de outubro, a IT People apresenta várias soluções empresariais que conhecem réplicas no mundo virtual. A ARchitecht é um bom exemplo disso. A app da tecnológica cria maquetes tridimensionais de projetos arquitetónicos mesmo antes destes serem construídos. A ideia é utilizar um smartphone ou um tablet para erguer virtualmente, sobre uma superfície real, uma estrutura moldada em computador. Na prática, o software pode ser utilizado para apresentar casas a clientes ou identificar falhas nos projetos, tornando todo este processo de criação numa experiência mais interativa e digital, sem perder o tom real das coisas.

A realidade virtual tem conteúdos idênticos. Oferece viagens imersivas por espaços distantes, inexistentes ou inalcançáveis, mas, ao contrário da AR, exige investimentos mais avolumados e satura mais rapidamente os sentidos do utilizador.

Embora distantes na forma como levam as pessoas a experienciar uma mesma situação, ambas as realidades se tocam na estratégia que devem utilizar para sobreviver ao desgaste do tempo. "A tecnologia é um meio. O seu real interesse é o conteúdo que oferece e nenhuma delas pode manter-se interessante se não ouvir os utilizadores e criar atualizações mediante as suas necessidades", afinal, diz Nuno Silva, "é o mercado que dita os produtos, nunca o contrário".

Esse dinamismo tem ajudado a IT People a manter-se à tona e os frutos concretos dessa procura estão em exibição na FIL com a ajuda de clientes bem reputados como a Epson. E se há espaço para crescer? Há, certamente. O responsável da tecnológica nacional acredita mesmo que a realidade aumentada vai "ser intrínseca às nossas vidas". A NOS, os CTT e o Jornal Económico corroboram a opinião com apresentações sobre realidade aumentada este fim-de-semana no stand da RALi.

Em Portugal, não está propriamente difícil de implementar soluções desta natureza, mas, em comparação com o resto do mundo, o nosso país fica claramente aquém.

Neste momento, a IT People quer dar continuidade à plataforma NextReality onde tem desenvolvido projetos aplicáveis ao turismo (VisitAR), à arquitetura (ARchitecht) e ao retalho (4DPaper).

A maior parte do negócio continua além-fronteiras. Há mais parceiros brasileiros, como era desejo em 2014, mas o mercado continua a abrir. Dinamarca, Inglaterra, Espanha e alguns segmentos asiáticos são as regiões onde a empresa tem concretizado a sua expansão.

Para 2017, o CEO, Eduardo Vieitas, dá prognósticos otimistas: "vamos assistir à explosão da realidade aumentada".