Um grupo de pacientes paraplégicos recuperou parcialmente o controlo e a sensibilidade das pernas após várias sessões de terapia com recurso a tecnologias controladas pelo cérebro. A conclusão é de um dos mais recentes estudos da revista científica "Scientific Reports", publicada esta quinta-feira.

Esta investigação resulta de um acompanhamento que foi feito por parte de um grupo de cientistas entre janeiro e dezembro de 2014 a oito pacientes com paralisias causadas por lesões na espinal medula durante várias sessões de terapia. Nestas sessões, os doentes tiveram acesso a aparelhos capazes de converter atividade cerebral em sinais elétricos que, posteriormente, foram utilizados para interagir com membros robóticos como braços e exoesqueletos.

Numa fase mais adiantada, estas ferramentas foram articuladas com cenários de realidade virtual onde os pacientes se tentavam mover, recebendo feedback tátil simulado para treinar a percepção mental dos seus membros. Os resultados das experiências foram positivas e alguns dos pacientes conseguiram, inclusive, voltar a mexer os membros afetados.

Miguel Nicolelis, professor de neurociência e engenharia biomédica na Universidade de Duke, comentou em comunicado que "foi uma surpresa constatar que, a longo prazo, os treinos com tecnologias de interface cerebral podem desencadear uma recuparação neurológica parcial".

No entanto, Nicolelis considerou ainda que a melhoria mais inesperada foi a "forma como alguns dos pacientes conseguiram recuperar o controlo voluntário dos músculos das pernas abaixo do nível da lesão, tal como parte da sensibilidade abaixo da espinal medula".

Este é mais um exemplo bem sucedido da aplicação da realidade virtual em tratamentos medicinais que, atualmente, também já se traduzem em terapias de recuperação de pessoas com lesões cerebrais