Uma equipa de investigadores das Faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e Medicina (FMUC) da Universidade de Coimbra (UC) focou-se em avaliar se os Serious Games, jogos aplicados a situações sérias, têm potencial para, no futuro, virem a ser utilizados como meio auxiliar de diagnóstico em doenças associadas ao envelhecimento.

Para isso, a equipa, constituída por Hélio Neto, Joaquim Cerejeira e Licínio Roque, instrumentou três jogos com ferramentas de recolha de dados que permitissem estudar o desempenho das funções cognitivas do público-alvo.

Durante as experiências, que foram feitas a dois grupos de pessoas idosas, um deles seguido na Unidade de Gerontopsiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), supervisionado pelo especialista Joaquim Cerejeira e outro constituído por idosos saudáveis, foram recolhidos e analisados cerca de uma centena de indicadores, que permitiram estudar os níveis de desempenho ao longo do jogo.

À mesma amostra foi aplicado também o Montreal Cognitive Assessement (MoCA), um teste padrão usado em contexto clínico para rastreio de défice cognitivo, refere uma nota da UC enviada à agência Lusa.

Os resultados revelaram “uma correlação direta entre o desempenho obtido nos jogos e o resultado alcançado no teste MoCa”, ou seja, “os jogadores que obtiveram melhor performance no teste padrão foram os que conseguiram concluir mais níveis nos jogos”, explica Licínio Roque, docente e investigador da FCTUC.

Licínio Roque salienta ainda que, apesar de serem necessários estudos mais aprofundados, esta correlação indica que os Serious Games poderão, no futuro, “ser utilizados como instrumento auxiliar de diagnóstico em patologias que envolvam avaliações neuropsicológicas”, e que “os jogos podem, de uma forma menos estressante e mais atrativa, ser usados como indicadores de substituição para testes cognitivos”.

Já Joaquim Cerejeira, psiquiatra no CHUC e docente da FMUC, defende que esta nova abordagem “poderá vir a ser útil para caraterizar e monitorizar a função cognitiva dos doentes de uma forma rotineira e cómoda” permitindo que o médico ou neuropsicólogo verifiquem “se o desempenho do doente está de alguma forma prejudicado e verificar em que medida o tratamento instituído está a ser eficaz”.

Desenvolvido ao longo de quatro anos, o estudo foi distinguido com o prémio de “Melhor Artigo Científico” na ICEC (International Conference on Entertainment Computing 2017), que decorreu no Japão.