Juntando no mesmo painel a Airbnb, a Câmara Municipal de Cascais, os CTT, a Siemens e a Uber, o painel de Transformação Digital dos Territórios abordou as mudanças que estas organizações estão a fazer com o suporte das tecnologias, até porque duas já "nasceram" digitais, enquanto outras estão a interiorizar as mudanças.

Para os CTT a estratégia digital está a ser desenvolvida sempre mantendo a ligação com a proximidade, e a rede de 5 mil carteiros, 600 estações de correios e lojas payshop, que Francisco Simão, Head of Strategy and Developmentd dos CTT, admite que são a principal vantagem competitiva da empresa. Com o negócio core em declínino, a oportunidade de trasnporte de encomendas é a que apresenta o maior potencial, apostando no crescimento do comércio eletrónico, mas também com ideias novas como a possibilidade que está a ser pensada de criar "caixas postais" onde as pessoas possam recolher as suas encomendas sem que estas sejam entregues em casa ou nas estações dos CTT.

Gerindo a rede local mas também a informação específica que os carteiros podem recolher, os CTT estão também a criar uma plataforma de correio publicitário, onde as PME podem gerir as suas campanhas. é uma plataforma de Digital Self Service onde vai ser possível usar os mapas da Google para escolher as rotas e uma ferramenta para criar os panfletos, ou escolher a partir de templates. O resto fica nas mãos dos CTT, desde a impressão à distribuição.

"Não queremos ser a Google nem a Uber mas estamos a usar as nossas ferramentas de proximidade", garantiu Francisco Simão.

A tecnologia está também a mudar a forma como a Câmara Municipal de Cascais presta serviços ao cidadão, sobretudo na área de ambiente, como explicou Luis Capão, administrador executivo da EMAC.  "Cscais está a desenvolver uma estratégia urbana para ter previsibilidade do que é o dia de amanhã ou daqui a meia hora ou uma hora. E isso tem impacto nos serviços e qualidade de vida dos cidadãos", justifica. Cascais território inteligente já tem em curso vários projetos nesta área.

Do lado da Airbnb e da Uber, a tecnologia suportou o nascimento dos projetos, mas a plataforma de aluguer temporário de alojamentos está mais focada nos anfitriões. "Trabalhamos com uma equipa muito pequena. Eu sou "a" pessoa em Portugal da Aibnb, e Portugal já é o nosso 10º maior destino a nível mundial", justifica Ricardo Macieira. A dimensão do mercado em Portugal é grande e em 2015 estavam registados 15 mil anfitriões, que disponibilizavam a sua casa, ou parte dela, para aluguer temporário.

Na Uber os projetos de rentabilização dos recursos (carros, motoristas e dados) sucedem-se e Rui Bento lembrou as iniciativas de distribuição de gelados e sushi, mas também a UberEats, mas ainda não em Portugal. Mesmo assim o general manager da Uber em portugal admite que a empresa pode recolher e produzir informação que pode ser muito útil para as cidades. "Hoje conseguimos perceber os constrangimentos de trânsito em cada zona e as necessidades de deslocação que podem apoiar muito os planeadores urbanos e decisores políticos". "Faz sentido as autarquias terem acesso a essa informação para haver decisões informadas", indica, mas não concretizou como pode isso acontecer.

Na Siemens a visão também é clara: as tecnologias só são importantes quando permitem operar mudanças, ou tornam-se buzzwords sem sentido. "São as aplicações que fazem a mudança", garante Miguel Rodrigues, Intelligent Traffic Systems Head, da Siemens Portugal.