Richard Clark, um especialista em contra-terrorismo recentemente nomeado por George W. Bush como seu conselheiro especial para a segurança no ciberespaço, idealizou um novo modelo de rede informática para o governo dos Estados Unidos, independente da Internet, mais seguro e menos vulnerável a ataques e a tentativas para prejudicar as principais actividades federais, informou o New York Times. Segundo o jornal, a administração Bush está mesmo a ponderar a criação deste sistema.



Conhecido pelos seus avisos quanto à possibilidade de ocorrência de um "Pearl Harbor digital", no caso de o país não investir mais em segurança online, Clarke começou a desenvolver a ideia de uma rede do governo antes dos ataques terroristas de 11 de Setembro.



No entanto, refere que os atentados demonstraram que é obrigatório ter em conta as formas com que os terroristas podem danificar a infra-estrutura norte-americana de informação e as redes informáticas que controlam as telecomunicações, a rede de energia eléctrica, as estações abastecedoras de água e o tráfego aéreo.



"O pior cenário", afirmou, referindo-se a um ataque informático contra o governo, "será o caso de não podermos comunicar para que os serviços fundamentais do governo sejam assegurados. E isto poderá acontecer numa altura em que estamos em guerra ou a combater o terrorismo".



Clarke referiu que uma questão essencial para a administração será determinar quanto é que uma rede informática governamental deste género iria custar. Apesar de ninguém ter a certeza quanto ao montante, este especialista em contra-terrorismo estimou que poderia rondar as centenas de milhões de dólares. Ele idealiza um sistema que seria rigorosamente monitorizado e permanentemente controlado, no que diz respeito à existência de vírus.



Alguns elementos da indústria das tecnologias temem as implicações deste projecto para a Internet. Um sistema governamental online separado do ciberespaço poderá provocar, na sua opinião, uma tendência que levará outras instituições a criarem as suas próprias redes independentes da Internet. Os defensores das liberdades civis, por seu lado, questionam a ideia, afirmando que esta poderá tornar o governo menos acessível aos cidadãos.



Em resposta, Clarke afirma que não vê o sistema como um substituto para a Internet. As agências governamentais poderiam utilizar dois sistemas separados para funções distintas, sendo a rede independente utilizada para as necessidades que exijam maior nível de segurança. Algumas agências, como o Departamento de Energia, têm já as suas próprias redes informáticas internas, embora numa escala menor.



A administração pediu à indústria das tecnologias que reunisse durante a próxima semana documentação acerca da criação, funcionamento e custo de um sistema deste tipo. Os representantes da indústria afirmaram que o pedido suscitou polémica em quase todos os pontos, desde o custo à viabilidade técnica, passando pelas implicações para a Internet. Posteriormente a esta fase, a ideia vai ser estudada por uma equipa de especialistas do governo bem como por membros académicos independentes.


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