Não é a primeira vez que um estudo aponta riscos para os mais novos no acesso à internet e sobretudo numa utilização sem controle e durante tempo excessivo. 

O estudo que hoje foi divulgado abrangeu 1.105 internautas e a amostra integra pessoas com idades entre os 16 e os 75 anos, de vários países, incluindo Portugal, mostrando que as crianças que utilizam a internet antes dos cinco, seis anos “estão potencialmente em maior risco para desenvolvimento da adição à internet”.

“Estes resultados revelam que os pais têm que ter alguma preocupação sobre o modo como deixam os filhos utilizarem essa ferramenta, que inclui os videojogos, porque de facto há aqui uma associação clara entre idades precoces, utilização dessas ferramentas e problemas futuros”, explica Halley Pontes, investigador da Nothingham Trent University, no Reino Unido, à agência Lusa.

Os resultados são apresentados no VII Congresso Internacional de Psicologia da Criança e Adolescente, promovido pelo Instituto de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Lusíada de Lisboa, e revelam que uma grande parte do vício da Internet pode ser explicado pelas variáveis "idade", "idade de iniciação ao uso da Internet" e "tempo despendido online semanalmente por lazer".

“Concluímos que, de um modo geral, a adição à internet está muito desenvolvida pelo fator da idade e iniciação ao uso da internet”, justificou Halley Pontes à mesma agência.

O investigador explica que os pais devem exercer algum controlo e ajudar os filhos a autorregularem o uso destas ferramentas, limitando também a sua utilização em idades muito precoces.

O estudo avisa que a dependência à internet "gera variados prejuízos psicológicos e sociais aos sujeitos", incluindo disfunções comportamentais, tal como suportam a maioria dos estudos recentes. Mesmo assim a prevalência de situações de dependência em Portugal não é muito significativa e ronda os 1,2 a 5%, o que está em linha com resultados reportados em estudos internacionais. 

Para evitar estas situações o investigador português aponta alguns fatores de alerta a que é preciso estar atento, nomeadamente o ato de “navegar apenas por navegar sem haver uma necessidade académica ou profissional inerente ao uso”, e o "o uso constante e excessivo" das redes sociais online, serviços de mensagens instantâneas e ‘streaming’ de conteúdos online, entre outros.