A responsável europeia é uma repetente no palco principal do Web Summit. Ann Mettler fez parte de um painel, em 2016, que discutiu se a tecnologia ia “matar” a democracia.

Na edição deste ano, o tema “How do we move on from fake news” surge à luz da possível influência russa nas eleições norte-americanas e Mettler considerou que “Podemos e devemos fazer melhor” para resolver o problema.

Apesar de considerar que esse é dos papéis que cabe às empresas, a líder europeia defende que “no mundo em que vivemos hoje, também nós, como consumidores que somos, devemos tornar-nos os nossos próprios editores e tentar discernir o que é uma notícia falsa de uma verdadeira.” Mas, deixou um alerta:  muito do ónus vai estar do lado do utilizador, mas “não devemos tirar a responsabilidade às companhias tecnológicas.”

Para Joseph Kahn, editor do New York Times, as tecnológicas ainda estão num modelo inicial de negócio, o qual “consiste em agregar conteúdo de acordo com os interesses dos utilizadores e, quanto mais, melhor”, no entanto, “esse modelo, criado na base de que o conteúdo é barato e que o seu valor é apenas acrescentado pelo que querem os utilizadores, está ameaçado”, acrescentou.

Kahn também defendeu que, apesar do protagonismo que Donald Trump tem dado à questão das fake news, a sua própria definição é “fake”, uma vez que estas “são informações criadas para se assemelhar a notícias, mas têm um conteúdo fraudulento com o propósito de se tornarem virais na internet e, geralmente, com objetivos políticos e económicos”, esclareceu.

Mas, como podem ser as notícias falsas identificadas no meio de tantas e diferentes fontes de informação? Yaron Galai, CEO da plataforma Outbrain e terceiro orador do painel, afirmou que “é algo muito difícil, quase como um jogo do gato e do rato”, no entanto, salientou que “se estivermos atentos há “pegadas” que conseguimos identificar, como, por exemplo: quando existe uma notícia “bombástica” e apenas existe um meio a noticiá-la, é muito provável que seja falsa”.

O fim da discussão coube a Ann Mettler que, reforçando a ideia de que é a democracia que está em causa, disse que Bruxelas vai "tomar medidas", em relação ao tema, as quais "não passam por regulação específica, mas por conhecer e perceber melhor o assunto. Porque, o tempo de ser ingénuo, acabou.”, alertou.