Há mais dois países na lista dos classificados como “inimigos da Internet” pelos Repórteres sem Fronteiras, que ontem publicou o seu relatório anual sobre o estado da liberdade de expressão online.

Para além do Bahrein e da Bielorrússia terem vindo engrossar a lista dos Estados que se considera que ameaçam severamente a liberdade de expressão e o acesso à Web, a associação chamou também a atenção para os ataques perpetrados por países “supostamente democráticos”, em nome da segurança e da defesa dos direitos de autor, lê-se no texto publicado online .

Os Repórteres sem Fronteiras criticam o facto destas nações “continuarem a dar um mau exemplo ao cederem à tentação de dar prioridade à segurança sobre outras preocupações e através da adoção de medidas desproporcionadas para proteger os direitos de autor”.

A pressão dos governos sobre os prestadores de serviços para que estes atuem como “polícias da Internet” e o recurso a empresas especializadas em vigilância online, que “se estão a tornar os novos mercenários numa corrida ao armamento online” são pontos identificados que podem ajudar a explicar inclusão de países como a França ou a Austrália no grupo dos Estados “sob vigilância”.

Os países neste grupo são encarados como regiões onde as liberdades são postas em causa - pela filtragem de conteúdos e bloqueio do acesso a determinados serviços, por exemplo -, mas que ainda não apresentam um comportamento tão grave que justifique a classificação como “inimigos da Internet”.

O Bahrein estava à data do último relatório, em março de 2011, na categoria “sob vigilância”, tendo passado à lista negra dos “inimigos da Internet” depois de ter conseguido pôr em prática “um bloqueio efetivo das notícias com base num notável leque de medidas repressivas”.

As autoridades do país perseguiram bloggers e levaram a cabo detenções, enquanto na Bielorrússia o governo cortou o acesso à Internet durante uma onda de protestos no país e mantém fora do alcance dos internautas uma longa lista de sites.

Para além das novas “aquisições”, figuram na lista alguns dos países implicados na chamada Primavera Árabe, onde a Internet tem desempenhado um papel fundamental enquanto ferramenta ao serviço daqueles que se opõem aos regimes vigentes.
A resposta dos governos autoritários passa por fortes medidas repressivas fazem com que Estados como a China, Birmânia, Cuba, Irão, Coreia do Norte, Arábia Saudita, Síria, Vietname, Turquemenistão e Uzbequistão continuem entre os “inimigos da Internet”.

Por outro lado, a forma como aprenderam a reagir para proteger os seus direitos os utilizadores da Internet que em países “livres” viram os seus direitos ameaçados e o papel dos hacktivistas, que partilham conhecimentos técnicos com os internautas vítimas de regimes repressivos, são outros dos pontos destacados na análise que passa em revista os últimos 12 meses.

Nota da Redação: A notícia foi corrigida na designação atribuída aos países na lista de inimigos da Internet.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes