O governo alemão publicou um relatório esta terça-feira onde adianta que tem sido alvo de espionagem cibernética por parte de outros governos. De acordo com o executivo, que aponta dedos à Rússia, China e Turquia, estes ataques são como "bombas-relógio" que podem até comprometer a segurança de várias infra-estruturas.

De acordo com a Reuters, a espionagem industrial causa, anualmente, milhões de euros em prejuízo à indústria alemã. Os maiores prejudicados são, regra geral, as pequenas e médias empresas.

No documento, que retrata a situação atual de várias ameaças à segurança nacional, a espionagem é o fenómeno em destaque graças ao crescimento substancial de ocorrências. A BfV avança que têm sido detetados vários ataques com origem numa agência turca e que a Rússia está a tentar influenciar o ato eleitoral do próximo dia 24 de setembro, que vai servir para eleger um novo parlamento nacional.

"As consequências para o nosso país vão desde o enfraquecimento das nossas posições em negociação até grandes danos materiais e económicos, podendo até chegar a prejudicar a nossa soberania", lê-se no relatório.

A agência alemã de inteligência escreve ainda que o Ministério dos Negócios Estrangeiros foi um dos principais alvos destes ataques e que os seus escritórios internacionais também não foram poupados. Os ministérios das Finanças e da Economia, as Forças Armadas e o gabinete da chanceller Angela Merkel, foram também atacados.

No que toca a empresas, saíram mais prejudicados os sectores das armas, do espaço e dos automóveis. Os institutos de investigação também foram particularmente afetados.

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Nestes casos, os ataques podem resultar em perdas de informação, em instalação de malware e na manipulação remota de equipamentos.

O Sandworm foi um dos malwares identificados nesta vaga. O software tem fortes ligações à Rússia e foi já utilizado em várias tentativas de intrusão nos sistemas da NATO e de inúmeras empresas de telecomunicações nos últimos anos.

Para além da Rússia, no entanto, o relatório identifica ainda a China e o Irão como perpetradores de ataques.

Segundo a BfV, a Rússia atacou alguns políticos alemães e tentou remover os registos informáticos referentes às sanções económicas impostas pela União Europeia como resultado da anexação da Crimeia. Para além disto, grupos de hackers com ligações ao governo fizeram uso dos chamados trolls para influenciar a opinião pública e plantar visões pró-Rússia nas redes sociais e fóruns online.