A Binance terá desistido de se registar em Portugal, por dificuldades no processo junto do Banco de Portugal, uma decisão que não vai impedir a empresa de oferecer serviços no país, já que pode continuar a fazê-lo ao abrigo de uma licença europeia.

A informação sobre a desistência do processo foi avançada pelo Jornal de Negócios esta quinta-feira, explicando que o Banco de Portugal prolongou o prazo normal de nove meses para avaliação deste tipo de pedidos de registo e solicitou esclarecimentos adicionais à empresa.

Segundo apurou o Negócios, as dúvidas da entidade supervisora liderada por Mário Centeno tinham a ver, entre outras, com a informação prestada pela Binance sobre a estrutura acionista da plataforma. As dificuldades acabaram por levar a plataforma a desistir do registo local.

A Binance não quis comentar o caso e o BdP também não forneceu detalhes, alegando restrições de confidencialidade, mas esta não é a primeira questão levantada à empresa pelos reguladores europeus.

Na Alemanha, a Binance também acabou por retirar o pedido de registo que chegou a submeter, desativou a licença no Chipre e deixou o mercado holandês e o belga, este último por imposição do regulador. Para contornar a situação, abriu em setembro uma operação na Polónia e presta serviços na Bélgica a partir de lá.

Em França, a Binance foi investigada no ano passado por alegado envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro. Também nos Estados Unidos a companhia já foi alvo de um processo por violação de obrigações regulatórias, que envolveu igualmente o fundador e à data CEO Changpeng Zhao.

O processo terminou com um acordo, porque a empresa assumiu as acusações que envolviam que, além da quebra de regras regulatórias, apontavam para o envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro e aceitou pagar uma multa de mais de 4 mil milhões de dólares.

A Binance é a maior plataforma de transação de criptomoedas a nível global. Antes do escândalo da FTX esteve para comprar a empresa e acabou por ter uma influência direta na falência da concorrente, quando recuou na decisão e disse que o fazia por causa da fragilidade das contas da FTX, provocando uma corrida em massa dos investigadores para recuperarem os fundos investidos.