As controversas plataformas digitais de transporte, a mobilidade urbana e a gestão dos centros metropolitanos do futuro foram o núcleo deste encontro, numa altura em que o sector dos transportes está ao rubro.

Como o TeK noticiou hoje, o Governo português comprometeu-se a publicar, até ao final do ano, legislação que legitime as operações e os modelos de negócios de plataformas digitais como a Uber e a Cabify, que, nos últimos tempos têm sido alvo de fortes críticas por parte de taxistas e representantes sectoriais.

Apesar de estar subordinado ao mote “Uber: o vírus dos transportes”, o estudo que a Fabernovel apresentou durante a conferência não aponta nada de negativo à plataforma digital de transportes, caracterizando o seu modelo de negócio como “revolucionário”, congregando a oferta e a procura numa única plataforma.

A comparação da Uber a um vírus é justificada com o crescimento exponencial que a empresa conseguiu alcançar num intervalo de tempo diminuto. O serviço está hoje presente em 470 cidades, em 70 países.

A Uber foi capaz de identificar e preencher lacunas que afligiam o sector dos transportes. Em vez de estar “refém” das paragens designadas para a utilização de transportes (paragens de autocarro, praças de táxis, etc), o utilizador pode requisitar uma viagem com apenas um clique. É também um fator diferenciador o facto de não exigir que o utilizador tenha de andar com “trocos” no bolso, através de pagamentos electrónicos.

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Vale a pena recordar que “o vencedor não é o primeiro a chegar, mas o primeiro a colonizar o mercado”, sentenciou Nuno Ribeiro, responsável da Fabernovel em Portugal. Apesar de a Lyft ter chegado primeiro ao mercado dos serviços digitais de transporte, foi a Uber que o conseguiu desenvolver e fortalecer.

O objectivo último do serviço é extinguir a propriedade automóvel, estando na génese de muitas das transformações nucleares que estão a remodelar a indústria automobilística e o próprio sector dos transportes. Uma destas transformações é a introdução dos carros autónomos, ou autoguiados, um segmento que tem recebido investimentos volumosos por parte da empresa.

Mas a Uber não é “à prova de bala” e está sujeita a ameaças. O responsável regional da Fabernovel explicou que estas são a regulação, a concorrência, as fabricantes de automóveis autónomos e os colossos tecnológicos que estão de olhos postos no mercado emergente dos veículos conectados e autoguiados.

Acrescentou que o negócio da Uber não se vai ficar pelo software, mas vai também mergulhar na dimensão do hardware, com o fabrico do próprio automóvel.

Em mesa redonda, Rui Bento, engenheiro da Uber, diz que este serviço “é extremamente capilar”, aludindo à presença disseminada que tem em todo o mundo.

Afirmando que o carro, como ativo, é o verdadeiro rival da Uber, este representante disse ainda que existe “uma parceria informal” entre a Uber e os Transportes de Lisboa e que não há concorrência, mas sim complementaridade. Os interesses de ambas as entidades convergem num único ponto: promover e melhorar a mobilidade partilhada e reduzir o número de carros nas estradas, segundo o engenheiro.

Mobilidade inteligente para as cidades do futuro  

No âmbito das transformações digitais e tecnológicas, não se pode deixar de falar das Cidades do Futuro, as chamadas “smartcities”. René Bohnsack, professor na Universidade Católica e investigador na área de modelos de negócio inovadores, disse que estamos perante “um novo ciclo tecnológico”. Nos últimos anos, temos assistido à ruína de grandes empresas, que antes reinavam, absolutas, nos seus respectivos sectores, e que caíram, e continuam a cair, aos pés de novos rivais, com modelos de negócio disruptivos.

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Como Charles Darwin já tinha estabelecido, o segredo para a sobrevivência é a adaptação, neste caso, à evolução das tendências de consumo, aos novos paradigmas tecnológicos. O académico usou o aumento da popularidade dos carros eléctricos e dos veículos conectados e o crescimento dos serviços de mobilidade partilhada (carpooling, ou boleias) para ilustrar a disrupção de um sector forte que está a atravessar uma profunda metamorfose.

René profetiza que o futuro da mobilidade será “Inteligente, Partilhado e Eléctrico”. Esta previsão alinha-se com as tendências que se têm observado, ou seja, com os significativos investimentos que as fabricantes automobilísticas e as empresas tecnológicas têm feito no sentido de se desenvolverem carros cada vez mais conectados, sendo o carro autónomo o “Santo Graal” desta nova indústria emergente.

O Digital será cada vez mais visto como o centro nevrálgico das novas cidades e dos novos negócios. Desta forma, vai se dissipando a dependência de uma vertente física e “imutável” dos serviços e dos modelos de negócio tradicionais, sempre em direcção a uma realidade crescentemente digital e interconectada, cujo “esqueleto” é formado por bits e bytes.

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