Portugal pode perder 250 investigadores altamente qualificados se Portugal não subscrever os programas da Agência Espacial Europeia (ESA), avisa hoje o presidente da Proespaço, a associação portuguesa de indústrias do Espaço.

O alerta está relacionado com a necessidade do Governo investir na ESA para garantir que uma fatia dos contratos adjudicados pela agência contempla as empresas portuguesas, à semelhança do que tem sido feito noutros anos.

António Neto da Silva, presidente da Proespaço, calcula que Portugal precisa investir 36 milhões de euros para um período de três anos para garantir a continuidade destes contratos, adiantou à TSF.

O responsável sublinha que não se trata de um subsídio, mas de subscrever os programas que são essenciais para que esta indústria possa funcionar.

"Portugal pode perder 250 cérebros, porque não investe o valor equivalente a três quilómetros de autoestrada", afirmou à rádio.

O presidente da Proespaço explica ainda que "cada euro investido na subscrição destes programas retornam dois euros a Portugal". O sector representa 17 milhões de euros de faturação anual e mantém um cluster de empresas altamente especializadas que têm usado a experiência com a ESA para alargar horizontes e vender tecnologias a outras agências espaciais.

Portugal não tinha tradição na indústria espacial, mas com a cooperação com a Agência Espacial Europeia que se concretizou a partir de 1997, e mais tarde com a entrada de Portugal como membro efetivo, já em 2000, começaram a surgir mais investigadores e empresas a trabalhar neste sector.

A lista das companhias que participam no programa espacial europeu tem muitos nomes de empreendedores que admitem que as empresas não existiriam, ou pelo menos não teriam entrado no sector aeroespacial, se não se tivesse concretizado esta oportunidade.

Omnidea, Active Space Technologies e Evolve estão entre os que nasceram à boleia desta aventura espacial. E a ESA continua a ser o cliente de referência para muitas destas empresas, em importância e em peso de faturação, apesar de existirem histórias de sucesso de quem conseguiu aplicar a tecnologia desenvolvida noutras áreas, ou vender produtos para outras agências espaciais, como a NASA, a Agência Espacial Japonesa (JAXA) ou a chinesa (CAST).


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador