A transformação digital tornou-se numa das grandes mensagens da indústria e dos analistas. Um estudo da IMB patrocinado pela Cisco garante que nos próximos cinco anos 40% dos incumbentes da indústria de Tecnologias de Informação vão perder os lugares que ocupam hoje e desaparecer por falta de capacidade para acomodar este desafio e adaptar-se às novas exigências do mercado.

Os fornecedores de TI têm vindo a direcionar a oferta para tirar partido da oportunidade, gerada pelo número cada vez maior de pessoas e dispositivos ligados à Internet e a norte-americana destaca-se nessa estratégia. Ainda há dias pagou 1,4 mil milhões e dólares pela Jasper Technologies, uma empresa que desenvolve software para gerir dispositivos conectados.

“Não há político que não tenha integrado o tema da digitalização no seu discurso”, sublinhou Oliver Tuszik, vice-presidente e diretor-geral da Cisco Alemanha (na foto), numa visita ao centro de inovação da companhia na Alemanha. “Já não é só um tema nas tecnologias. Tornou-se num tópico para toda a sociedade”, defende.

Nos centros de inovação que tem espalhados pelo mundo – nove neste momento – a Cisco junta-se a parceiros para trabalhar em soluções potenciadas pela conectividade e pela chamada Internet das Coisas. A ideia é encontrar novas formas de potenciar o uso da Tecnologia e ajudar a resolver problemas em áreas tão diversas como a saúde, a educação, o ambiente ou a inclusão, entre outras.  

Durante o evento o responsável mostrou uma solução instalada nos contentores onde os refugiados que chegam à Alemanha fazem a sua primeira consulta médica. A língua era um problema. Uma solução desenvolvida pela empresa com parceiros permite chamar em segundos a uma aplicação de vídeo falantes de mais de 100 línguas e fazer uma videochamada com o paciente, traduzida e reportada ao médico em simultâneo.

Outro exemplo foi o de uma solução que usa sensores na pele e um pequeno dispositivo portátil para medir em segundos os níveis de açúcar no sangue, essencial para diabéticos, mostrou também Oliver Tuszik, sublinhado que com o número de dispositivos conectados a aumentar rapidamente também o potencial deste tipo de soluções aumenta.

Tirar partido do potencial desta transformação digital está a gerar estará no entanto condicionado ao sucesso das estratégias das empresas e decisores políticos em três domínios: infraestruturas, educação, segurança, cultura de inovação e preparação para a mudança, defende a Cisco, que estima que o mercado da Internet das Coisas valha 6,4 mil milhões de dólares na Europa Ocidental em 2024. A Alemanha vai absorver a maior fatia deste bolo (1,1 mil milhões de dólares), Reino Unido e França surgem nas posições seguintes.  

Os nove centros de inovação da fabricante norte-americana estão vocacionados para áreas distintas. O de Berlim está direcionado para a indústria, logística e transportes, mercados mais fortes na região. Tem juntado a empresa a algumas das maiores multinacionais alemãs, garantiu Bernd Heinrichs, diretor do centro na mesma apresentação. Mas também procura absorver a dinâmica de startups que a cidade tem atraído e juntar-se a universidades e organismos públicos.

Em média são precisas duas semanas para definir se uma ideia se converte em projeto de desenvolvimento. E em seis meses a fase seguinte está completa.   

  Cristina A. Ferreira