No ano passado a Landing Jobs ajudou 150 pessoas com formação em novas tecnologias a mudarem de trabalho. Este ano a empresa pretende atingir o mesmo número, mas em metade do tempo, até ao final do primeiro semestre. E até ao final do ano o ritmo vai acelerar, esperando a tecnológica colocar 500 profissionais na rota de novas carreiras.

Os números foram partilhados pelo cofundador da Landing Jobs, Pedro Oliveira, em conversa com o TeK. “As empresas estão a desesperar”, comentou o executivo a propósito da dificuldade que as empresas têm em contratar profissionais de TI.

Esta ‘fome’ tecnológica tem ajudado ajudado a startup a crescer quase sempre de forma orgânica, tendo sido alvo apenas de uma ronda de investimento no ano passado. Este ano a Landing Jobs pretende voltar a financiar-se, mas será “uma pequena ronda apenas para acelerar o crescimento da empresa”, explicou Pedro Oliveira. 

Isto porque a startup está a evoluir a bom ritmo e até junho vai atingir o break-even, o momento em que a empresa paga o investimento realizado e pode começar a ter lucro. Espanha, Itália, Holanda e Alemanha são as próximas prioridades da empresa. 

O tempo ajudou a Landing Jobs não só a perceber melhor o seu mercado - enquanto Jobbox.io era uma plataforma de referenciação profissional -, como os ajudará a atingir um novo patamar em termos de serviço. Pedro Oliveira quer que a plataforma da startup seja o gestor de carreira dos profissionais de TI.

“Queremos tornar a Landing Jobs num career manager, queremos ajudar as pessoas antes de irem para a faculdade. Queremos ser o seu Jorge Mendes, mas em grande escala. Queremos que tenhas o controlo da tua carreira como tens no jogo FIFA”, detalhou o confundador.

A repetição do verbo ‘querer’ nas declarações são um espelho do entusiasmo que Pedro Oliveira mostra relativamente ao futuro da plataforma. “Quem vai gerir a carreira das pessoas? As empresas é que não. Quem tem a propriedade da sua carreira são os candidatos”.

Se um programador júnior pretende para a sua carreira ser o gestor de produto de uma determinada empresa, a Landing Jobs quer garantir todas as condições para que isso aconteça. Se uma pessoa só quiser ofertas de trabalho em startups, é isso que a plataforma vai garantir. Se um profissional quiser chamar a atenção de determinadas empresas, o serviço deverá ser capaz de dar indicações para que tal seja possível.

Para chegar a este cenário Pedro Oliveira admite que “ainda há muito trabalho para ser feito”, mesmo na atual perspetiva de mercado de trabalho que é a Landing Jobs, sobretudo na componente de machine learning e de dar significado ao grande volume de dados que vão sendo reunidos.

Por agora o objetivo do cofundador é muito mais direto e simbólico: querem que outra startup portuguesa, a Veniam, passe a contratar na sua plataforma, o que para a Landing Jobs significaria o ‘pleno’ das startups portuguesas que considera mais valiosas.

O recado está dado.

Um ano atarefado
Além do break-even, da ronda de financiamento, da expansão internacional e das oportunidades que quer garantir aos utilizadores da plataforma, a Landing Jobs tem mais planos na sua agenda.

Em primeiro lugar está previsto o regresso do Landing Festival, um evento que procura juntar profissionais de TI às empresas que estão a contratar - na primeira versão que aconteceu no ano passado apareceram mais de 600 candidatos.

Além do evento em Lisboa a startup vai realizar também eventos em Londres, Inglaterra, e em Berlim, na Alemanha.

Já depois do Landing Festival ‘português’ a empresa vai organizar um outro evento onde vai trazer as suas empresas clientes para o financiamento de 100 bolsas de estudo na área das tecnologias da informação. Para Pedro Oliveira este é um dos dois caminhos a seguir para dar resposta à falta de profissionais de TI. O outro passa pela requalificação profissional.

Em 2015 a própria Landing Jobs ofereceu uma bolsa de estudo a um aspirante a ‘computer scientist’ e recebeu há duas semanas o resultado das suas notas: está com média de 18 valores.

“É preciso incentivar, isto faz a diferença”. O cofundador da startup considera que as empresas que garantirem uma bolsa a um aluno terão um lugar à sua espera quando os estudos terminarem. Um exemplo de ‘engenharia’ de investimento que gera uma situação em que as duas partes ganham.

Rui da Rocha Ferreira