Para Portugal beneficiar desse crescimento económico, segundo um estudo conjunto entre a Accenture Strategy e a Oxford Economics, a intervenção deverá ser feita em três áreas prioritárias: a duplicação do peso dos especialistas de tecnologia na força de trabalho, de 2,5% para 5%, na proporção do investimento anual das empresas em analytics e em soluções de cloud devem aumentar em 35% e 250%, respetivamente, e no incremento de aceleradores.

No primeiro caso, é determinante que o país aposte em ações de capacitação digital, visto que a percentagem de licenciados na área de Ciências, Matemática e Informática em Portugal é de 7% (na Alemanha é o dobro), não sendo suficientes para responder às necessidades de competências digitais mais procuradas pelos empresários portugueses, como cloud, data mining, mobile development e cybersecurity.

Também é preciso adotar modelos de recrutamento mais flexíveis, assim como fomentar a reconversão de perfis para o digital, aconselham os promotores da análise.

A intensificação dos esforços no desenvolvimento de soluções de analítica para ter um maior conhecimento do cliente e garantir serviços mais personalizados e simplificados e, na adoção do cloud computing, a sensibilização para a eficiência de custos e a atração de empresas internacionais para aumentarem investimento são as principais alavancas da segunda área de intervenção.

A procura de capital e de novos investimentos estrangeiros são fatores que poderão acelerar uma revitalização da economia nacional. “A solução nacional está na proatividade em inovar e evoluir a um ritmo superior, e na preparação das empresas para fazerem parte de um novo ecossistema: entre parceiros internacionais e de outras indústrias, startups e universidades”, considera Luís Pedro Duarte, da Accenture.

O Estado também poderá ter um papel preponderante ao incentivar a formação de cidadãos e ao potenciar políticas e iniciativas que impulsionem as empresas e cidadãos na adoção do digital. Em Portugal, 26% dos indivíduos nunca usaram internet, comparativamente com 14% na UE28.

“O papel das tecnologias digitais está a mudar”, alerta o vice-presidente da Accenture e responsável pelo estudo, acrescentando que “a velocidade de mudança é cada vez mais rápida e toda esta transformação requer uma reflexão sobre os impactos, não só nas organizações, como na sociedade e na economia”.

O estudo em causa centra-se no cálculo do Índice de Densidade Digital (IDD) dos países, analisando a evolução de mais de 30 indicadores que de forma ponderada representam o nível de competências digitais, a utilização de métodos de trabalho digitais, o investimento em novas tecnologias, as infraestruturas do país, as políticas e estímulos ao desenvolvimento de uma economia digital, entre outras variáveis.