Depois de um período de grande retração no investimento em computação pessoal, a Administração Pública central, regional e local voltou a investir em equipamentos e na renovação de contratos de impressão, ultrapassando limitações de um parque de computadores obsoletos que tinha já impactos negativos na produtividade e que se sentia a nível dos serviços.

Alguns procedimentos de grande dimensão, como a renovação no Ministério da Saúde, da Santa Casa da Misericórdia e do Instituto da Segurança Social, são os “culpados” pelo crescimento do mercado mas também da HP Portugal, mas a tendência para investir nesta área já se sente de forma mais alargada, como explicou Jorge Simão, Public Sector Account Manage, em entrevista ao SAPO TEK.

“O ano fiscal da HP Portugal que está a terminar foi extremamente positivo a nível global e também no segmento da Administração Pública”, sublinha Jorge Simão. Nos últimos anos assistiu-se a uma tendência de contenção na aquisição de equipamentos e na contratação de serviços e este ano começaram alguns ciclos de renovação na área de computação pessoal e também nos serviços de impressão que impulsionaram o mercado. Alguns parques de computadores tinham 6 a 7 anos de vida e estavam em “suspenso” pelas dificuldades orçamentais, e a ideia agora é que se retome um ciclo de normalidade no investimento nesta área.

O responsável pelo sector público explicou em entrevista ao SAPO TEK que a HP Portugal registou um crescimento acima do mercado, sobretudo fruto de alguns grandes contratos na área da computação pessoal, especialmente na área da saúde, e a renovação de contratos de impressão, em particular com a Santa Casa da Misericórdia que renovou e ampliou a utilização dos Managed Print Services, e a Segurança Social.

Na Administração Central o grande motor foi o Ministério da Saúde, onde se registavam também grandes carências de atualização, e onde têm sido dados passos muito significativos de renovação aplicacional, que já não era acompanhada pelos computadores instalados nos serviços. “Esta é uma área da Administração Pública muito ampla e dispersa, com infraestruturas obsoletas que já não dava resposta à componente aplicacional e cuja renovação tem um impacto muito positivo”, admite Jorge Simão.

E que outras áreas exigem uma renovação semelhante? O responsável pelo sector público na HP Portugal refere a área do Ministério das Finanças, e mais especificamente a Autoridade Tributária, onde foi lançado um concurso há algumas semanas e onde será feito um grande investimento na área da computação pessoal, com mudança de 40% do parque instalado.

Para além do reforço da área de computação pessoal, que está a repor a necessária atualização dos parques informáticos dos organismos que estiveram “congelados” durante os últimos anos, Jorge Simão identifica também uma tendência para a virtualização a nível dos postos de trabalho, algo que poderá alargar-se em 2018/2019. A oferta da HP está sobredimensionada para aquilo que são os requisitos atuais nesta área, mas também garante a capacidade de evolução futura, defende, e estão a ser feitas provas de conceito nesse sentido.

Já a evolução para um modelo de “device as a service” está ainda longe do cenário colocado no sector público. “O decisor público é sempre mais cauteloso, e bem. Só quando estes modelos ganharem maturidade no sector privado é que poderemos assistir à sua aplicação no sector público”, refere Jorge Simão.

A mudança da contratação pública que entra em vigor no início do próximo ano vem trazer novos desafios que o responsável da HP Portugal tem bem identificados, mas que considera que apesar de serem mais exigentes não terão um impacto muito significativo, apenas mudando algumas regras e institucionalizando outros procedimentos que já eram comuns, como a consulta prévia dos concorrentes. O modelo de contratação pela proposta economicamente mais vantajosa é visto como positivo, mas Jorge Simão avisa que têm de ser definidas as regras, não penalizando as empresas mais inovadoras. Mesmo assim o balanço só pode ser feito depois de entrar em vigor e se começar a aplicar as novas regras e no próximo ano haverá já mais experiência nessa área.