Não se podia fazer um balanço do ano na área da tecnologia sem se falar do Web Summit. A conferência de empreendedorismo, tecnologia e inovação foi um dos principais temas do ano, não só pelo volume de notícias que gerou mas também, e sobretudo por ter criado um impacto real nas estratégias das empresas nesta área, e também na economia, pelo menos em Lisboa.

Nos próximos dias a equipa do TeK vai revisitar os principais temas que marcaram o ano de 2016 (#omelhorde2016), à semelhança do que tem feito nos últimos anos e abordando tópicos que fizeram parte das previsões e tendências que assinalámos no início do ano. E o Web Summit é o primeiro.

No último ano publicámos cerca de uma centena de artigos onde o Web Summit era peça central ou acessória, mas isto é uma gota de água no Oceano de milhares de publicações nas  redes sociais e notícias na imprensa, isto contando desde que se confirmou a mudança para Lisboa, depois de um início de trajeto em Dublin.

Toda a preparação que envolveu o evento - que inicialmente previa um número de visitantes a rondar os 40 mil e acabou por chegar aos 79 mil - foi intensa, com muitas pré-conferências em várias cidades e um roadshow pela Europa, mas também com  muito trabalho de bastidores a nível das empresas e das organizações públicas, procurando posicionar-se num Web Summit onde era fácil ser ultrapassado, e caro marcar lugar com uma dimensão significativa.

Do lado do Web Summit a criação de um escritório em Lisboa foi apenas um passo quase simbólico, até porque a máquina de marketing funcionou impecavelmente, e houve muito quem recebesse umas largas dezenas de emails na caixa de correio.

Mas os dias mais acelerados foram os do próprio evento, ou melhor, da semana do Web Summit, que acelerou Lisboa durante uma semana, mesmo que as conferências só durassem três dias.

Mais de 50 mil geeks e empreendedores "invadiram" Lisboa e aproveitaram ao máximo o networking e a vida noturna. E não é folclore que as melhores "ligações" e negócios se fizeram à mesa de um bar, ou nos eventos alternativos onde a gravata não fazia parte da indumentária.

Mesmo com toda a equipa do TeK no Web Summit, todo o tempo foi pouco para assistir a todas as conferências, onde participaram mais de 600 oradores, em 21 palcos, mas também para explorar as propostas de mais de 1.500 startups que procuravam o seu momento de glória, ou uma oportunidade de investimento.

O bom, o mau e as críticas que sempre se fazem

A acreditar no fundador do Web Summit, Paddy Cosgrave, tudo correu lindamente. O empreendedor continua apaixonado por Lisboa e garante que sair de Dublin para esta cidade foi a melhor decisão que tomou. E pelos vistos há muito quem subscreva esta ideia, sobretudo entre os muitos participantes internacionais, provenientes de 165 países, com quem falámos ao longo dos quatro dias (a começar no dia 0). Na verdade muitos já estão em Lisboa há quase uma semana, e nem a chuva que chegou a cair fez esmorecer os ânimos.

Mais animados, ou mais habituados a grandes eventos, os elogios fizeram-se ouvir em várias línguas, mas as principais críticas acabaram por vir de portugueses, pouco confortáveis com a logística de um evento desta dimensão e as muitas filas, restrições de acesso a várias áreas do imenso recinto em que a Web Summit transformou esta zona da Expo.

Não foi simpático ter de usar o metro sobrelotado, sair e ter de percorrer toda a FIL para ir para o Meo Arena, mas as regras são para cumprir, sobretudo porque a organização é irlandesa e não portuguesa. O Wi-Fi nem sempre funcionou a 100%, e gerou um "Wi-FiGate", apesar de muito elogiado pela organização, mas pelo meio estiveram ligados mais de 67 mil equipamentos únicos, e descarregados mais de 20 Terabytes de dados, o equivalente a 30 anos de uso constante da internet para um utilizador “normal”.

Por todo o lado se partilhavam fotografias, e vídeos live, para além da app e das mensagens que estabeleceram ligações entre os participantes. Foram mais de 1 milhão de sessões Wi-Fi e 1,835 milhões de mensagens enviadas na aplicação que servia de guia de orientação aos participantes.

Do lado dos empreendedores, entre Starts, Alpha e Beta, o balanço geral foi positivo, mas há também quem não tenha  ficado muito impressionado e tenha a noção de que não conseguiu explorar muito bem o evento. Só 1 dia de exposição é pouco e é muita gente, com “as pessoas sempre apressadas para ir para algum lado”.

Do lado da organização já tinham avisado que mesmo entre os selecionados (de entre milhares de candidatos) não havia garantia de sucesso. “As empresas têm de lutar muito para conseguir vencer” e na preparação está uma grande parte da fórmula, porque não basta ter uma boa ideia.

Não se pode dizer que as startups e empreendedores não tiveram muito espaço de palco, a começar logo no primeiro dia, somados aos muitos PITCH que foram feitos e as Office hours e Mentor Hours que  voluntários disponibilizaram para apoiar as empresas e responder às perguntas.

Os três vencedores dos PITCH estiveram no palco central a apresentar as suas ideias, mais ou menos sustentadas, e o vencedor foi a Kubo robot, que veio da Dinamarca e garante que mesmo nas primeiras fases, e se não tivesse chegado à final, tinha conseguido beneficiar de ter estar no Web Summit. "Estamos orgulhosos", garante depois de ter dito que não estava muito confiante mas que deve ter feito alguma coisa boa.

E nos próximos anos?

À partida estava garantido que o Web Summit iria ficar em Lisboa durante três anos, até 2018, mas agora já se fala em cinco anos. E Paddy Cosgrave garantiu que quer fazer o evento crescer, chegando em 2017 aos 80 mil participantes, alargando o espaço ocupado na Expo e conseguir a presença de mais mulheres. Mas sem perder o foco nas startups. Em resposta ao TeK na conferências de imprensa explica que o evento se transformou e que se no primeiro ano duplicar os 400 participantes em Dublin parecia um desafio, agora nada indica limites. “Temos mais CEOs a participar e uma maior diversidade, e isso é bom, porque as startups conseguem encontrar mais resposta para as suas necessidades específicas nos vários sectores”.

Este anos as promessas são muitas, e depois da primeira experiência há muito quem queira voltar