Esta quinta-feira é apresentado o novo Plano Nacional de Ciência e Tecnologia (PNCT) que deverá vigorar entre 2017 e 2020. De acordo com o jornal Expresso, que teve acesso ao documento do Ministério da Ciência, os principais objetivos são "criar condições para alargar a base social de apoio e reforçar as instituições no desenvolvimento de atividades baseadas no conhecimento, estimular a qualidade crescente da atividade científica, aumentar o financiamento e a colaboração com as empresas".

Das medidas compreendidas neste plano sublinha-se a criação de agendas de investigação e inovação em 14 sectores de atividade que serão destacados durante os próximos três anos. São eles o agroalimentar, florestas e biodiversidade; sistemas sustentáveis de energia; economia circular; ciência urbana e cidades para o futuro; mar; espaço e observação da Terra; saúde e investigação clínica; sistemas ciberfísicos e formas avançadas de computação e comunicação; indústria e manufatura; trabalho, robotização e qualificação do emprego; inclusão social e cidadania; cultura e património cultural; arquitetura; e turismo.

A internacionalização do ensino superior e das ciências e tecnologias desenvolvidas em Portugal é também um objetivo claro deste PNCT que contempla o estímulo à participação portuguesa em organizações científicas internacionais, como o CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear) ou a ESA (Agência Espacial Europeia). Neste âmbito serão também fechadas várias parcerias internacionais em articulação com a AICEP e a Fundação para a Ciência e Tecnologia.

OE2017 não é suficiente para promover Ciência e Tecnologia em Portugal
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Ainda na senda da internacionalização, o governo quer promover as oportunidades e conhecimentos desenvolvidos em Portugal junto de outros estados. Para isto, prevê-se a colocação de investigadores doutorados como conselheiros científicos nas embaixadas portuguesas dos países onde é vista como "adequada a promoção das redes e atividades de ciência, tecnologia e ensino superior portuguesas".

Para além disso, esta presença diplomática deverá ainda traduzir-se na realização de "Semanas da Ciência" além-fronteiras e no lançamento da "Research in Portugal". Esta iniciativa terá o objetivo de promover as atividades de investigação e desenvolvimento em Portugal e de criar um anuário onde esteja contemplada a capacidade nacional de acolhimento de cientistas estrangeiros em centros de investigação nacionais.

Em Portugal, este novo documento contempla a criação do AIR Center - Centro Internacional de Investigação do Atlântico nos Açores. O órgão vai colaborar na investigação do clima, dos oceanos, do espaço, da energia e da ciência de dados.

Há ainda espaço para a implementação de uma estratégia nacional para promover as competências digitais na população ativa. Esta ambição deverá materializar-se na consolidação da Iniciativa Nacional Competências Digitais e.2030.

No sector do espaço não há referências concretas à criação da agência espacial, como o ministro da Ciência, Manuel Heitor, tinha anunciado no passado mês de dezembro. Em vez disso, o PNCT refere que é necessário reforçar a participação de Portugal em atividades no espaço e, para isso, será criada uma Agenda Nacional para o Espaço. O objetivo primeiro desta aposta é reforçar a posição de Portugal na ESA para expandir as possibilidades de criação de oportunidades científicas, tecnológicas e empresariais na área do espaço. Numa medida já anunciada, como recorda o Expresso, Portugal vai aumentar a sua contribuição para a ESA. Entre 2016 e 2022, o país vai alocar um total de 102 milhões para a agência.

O novo Plano Nacional de Ciência e Tecnologia vai ser apresentado esta quinta-feira no Fórum Picoas, em Lisboa, e vai integrar a conferência que ali se realiza "Sobre o Futuro da Ciência em Portugal - 30 anos após as Jornadas de maio de 1987".