Carros ligados. Bicicletas ligadas. Televisões ligadas. Frigoríficos ligados. Contadores de água ligados. Malas ligadas. Plantas ligadas. Cães e gatos ligados. E vacas ligadas. A lista podia ser muito maior, afinal a Internet das Coisas (IoT) quer ligar todas as coisas. Mesmo todas. E há cada vez mais soluções para isso como podemos ver no Mobile World Congress em Barcelona.

Na maior feira da Europa, o conceito pareceu quase omnipresente entre as ofertas de operadoras, fabricantes, empresas de TI e startups, dominando muitas das inovações e soluções apresentadas, e captando atenção dos visitantes e dos media. Não havia praticamente um stand onde não se falasse do IoT e do seu potencial, enquanto outros se focavam na necessidade de desenhar as redes de comunicações para suportar esta avalanche de comunicações, e as empresas de segurança alertavam para a necessidade de proteger os dados e a privacidade.

A Gartner estima que  no final deste ano existirão em todo o mundo 6,4 mil milhões de dispositivos conectados. Em 2020 o número aumentará para 20,8 mil milhões, mas há quem aponte para 50 mil milhões, e a realidade pode facilmente superar as previsões à medida que a miniaturização dos dispositivos se torna uma realidade, e que os sensores ficam mais baratos. Em última análise tudo o que tem no escritório e em casa pode estar ligado à Internet e há “casos de estudo” que se aplicam a todos os sectores da economia e à vida do dia-a-dia.

Para além dos muito óbvios smartphones e tablets, haverá caixotes do lixo que reportam quando precisam de ser despejados, postes de luz que são geridos de forma inteligente de acordo com a luz natura disponível ou com o movimento de pessoas, alfaces que comunicam taxas de crescimento e vacas que são monitorizadas para se detetar o período fértil mais favorável à inseminação artificial.

Este projeto foi apresentado no MWC pela Fujitsu e revela uma aplicação muito específica do IoT, em conjunto com software de analítica, mas a marca japonesa tinha muito mais utilizações da Internet das coisas virada para a segurança dos trabalhadores e monitorização remota de produtos.

Na feira de Barcelona a própria GSMA fez demonstrações da solução de rede para o IoT, a Low Power Wide Area (LPWA), enquanto a Intel estabelecia a ligação entre a 5ª geração de redes móveis (5G) e a Internet das Coisas, que precisa de uma conetividade sempre presente mas de baixo débito. A fabricante de semicondutores está a apostar fortemente neste segmento e no ano passado comprou a Antera para se posicionar na Internet das Coisas. Mas não é a única. 

A Ericsson, Cisco, Nokia, Huawei e Vodafone estão entre as marcas que mostraram novidades nesta área, com bicicletas que podem ser identificadas em tempo real com sinais de baixa intensidade mesmo no Metro, vinhas e quintas que tiram partido da Internet das Coisas monitorizando os seus produtos mesmo em caves recônditas, e sapatos ou equipamentos médicos que podem sempre ser encontrados facilmente.

A Nokia anunciou mesmo a criação de um fundo de 350 milhões de dólares para o IoT, e defende que esta área se integra na sua visão de conetividade do 5G.

Já há empresas portuguesas a pensar os conceitos, e algumas das soluções “made in Portugal” presentes na feira eram mesmo dedicadas a esta área, nomeadamente as da Veniam e da Sensefinity.

Apesar de todo o entusiasmo não faltou também quem levantasse problemas com a segurança e a fraude. Esta será uma nova fronteira para a qual é preciso que as empresas estejam preparadas para que a inovação e a tecnologia não sejam “contaminadas” por fraudes e falhas de segurança que entravem o desenvolvimento das soluções.

Veja ou recorde as principais imagens do MWC deste ano.

Fátima Caçador