O novo Código Europeu das Comunicações Eletrónicas, a ser aprovado pelo Parlamento Europeu, tem como propósito reformular o papel dos operadores e preparar a Europa para a próxima geração de telecomunicações.
Aos olhos da Comissão Europeia, as redes 5G vão estar operacionais já em 2020, dando arranque a uma nova era das comunicações eletrónicas.
Parece ser consensual entre os principais operadores de telecomunicações que os objetivos da CE são pouco realistas e que podem ser “um passo maior do que a perna”, segundo o debate que decorreu hoje na conferência "Nova regulação para uma Gigabit Society", promovida pela Anacom.
O CEO da NOS, Miguel Almeida, diz que os objetivos para a disseminação das redes 5G pela Europa até 2020 são completamente desadequados, tendo em conta a atual conjuntura económica, tanto europeia como portuguesa. Não pode existir uma solução igual para todos e há que ter noção das especificidades de cada um dos mercados, alerta.
“Em três anos, parece-me um pouco irrealista”, afirma o executivo, dizendo que o prazo estipulado pela CE não faz sentido. Não temos a tecnologia nem o espectro para acomodar já no início da próxima década as comunicações de 5ª geração.
O gestor acusa a Comissão Europeia de ser contraditória, e afirma que está muito preocupada em forçar os operadores a investirem milhões em infraestrutura de última geração em nome de uma “sociedade digital”. Na sua ótica, parece existir uma espécie de “demagogia política” por parte da CE.
Por sua vez, Miguel Veiga Martins, CEO da NOWO, o operador português mais pequeno, defende que uma estratégia de co-investimento e de partilha de encargos entre os vários operadores pode catalisar a inovação e o desenvolvimento das redes 5G.
De acordo com o responsável, deve existir uma partilha de redes entre os vários operadores. Desta forma, podem diminuir-se os custos e “racionalizar” os investimentos.
Falando em nome da MEO, o CEO Paulo Neves expressou algum ceticismo relativamente à capacidade dos operadores europeus para conseguirem corresponder ao objetivo de investir 500 mil milhões de euros na modernização das infraestruturas de telecomunicações, dentro de pouco mais de 3 anos.
O executivo reitera que a chamada “Sociedade Gigabit” só se vai materializar se houver os devidos investimentos, e que esses só devem acontecer se de facto se justificarem e não apenas como fruto de uma diretriz pan-europeia que não tem em atenção as particularidades do mercado português.
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