[caption]Donald Farmer[/caption]Por Donald Farmer (*)

Este ano estamos a assistir a algumas mudanças radicais no mundo da informática empresarial, mas...

A Maior Mudança Já Aconteceu

Esta é a mudança mais importante na área das TI desde o computador pessoal. Trata-se do facto das pessoas terem melhor tecnologias de informação em casa do que no local de trabalho.

O seu computador em casa, os seus smartphones, o seu sistema de jogos de vídeo online, o seu tablet e o seu gravador de vídeo digital contêm mais poder do que nunca. Mesmo as empresas avançadas não podem comparar as suas TI empresariais com esta tecnologia de consumo. Se pretender facilidade de utilização, conetividade, ou navegar e interpretar informações complexas, fique em casa.

Porque não consegue fazer pesquisas nos seus documentos empresariais com a mesma facilidade com que faz uma pesquisa online no Google? Porque não consegue consultar as suas informações empresariais com a mesma naturalidade com que navega na Wikipédia? Porque é tão incómodo encontrar um novo relatório em comparação com a procura de novas aplicações na AppStore?

As implicações de tal mudança são profundas. Os utilizadores encontram-se ávidos, impacientes e cansados da experiência desastrada e lenta da informática no local de trabalho. Eles acabarão por servir-se e ninguém poderá detê-los.

Hoje, os consumidores têm todas as vantagens. Esperam uma melhor experiência e, se isso não puder ser fornecido pelos sistemas corporativos, encontrarão a sua própria solução.

As TI Transformam-se
Naturalmente, esta mudança dramática confronta diretamente as TI. Os departamentos de TI não podem simplesmente ignorá-la, porque estes utilizadores exigentes, muitas vezes, são executivos seniores. Não estamos a falar de um empregado júnior que liga o seu smartphone ao email de trabalho. Quando o CEO recebe um iPad pelo seu aniversário, as TI fazem-no funcionar.

Na verdade, as TI transformam-se de porteiros em promotores. Já não controlam e implementam todas as aplicações e relatórios: em vez disso, fornecem dados e serviços para que os utilizadores possam servir-se.

As TI ainda detêm a qualidade, disponibilidade e segurança dos dados. Porém, as utilizações dos dados serão tão variadas e evoluirão com uma rapidez tal que as TI farão o melhor para compreender e gerir o processo ao invés de tentarem controlá-lo.

Assim sendo, as TI vão precisar de novas ferramentas. Em vez de impor regras de negócio complexas e construir modelos prescritivos, precisam de descobrir padrões e dificuldades na forma como os dados são usados e as aplicações são compartilhadas. Em suma, as TI precisam de ferramentas para trabalhar com os utilizadores, em vez de trabalharem contra eles, fazendo com que seja possível gerir o self-service.

Big Data? Já Não Se Trata de um Problema Tão Grande

Pode achar que o mundo do Big Data não tem nenhum papel para o self-service. Os dados são, afinal, grandes e complexos. No entanto, existem muitos mitos sobre o Big Data.

Mesmo quando uma organização tem grandes volumes de dados de transações, da web e das redes sociais, os dados não são armazenados num único bloco de grandes dimensões. Tecnologias como o MapReduce distribuem os dados através de muitos servidores para torná-los mais manejáveis. Hoje, os utilizadores avançados utilizam ferramentas avançadas para emitir consultas em relação a estes dados distribuídos. Porém, as consultas Hadoop são lentas e os sistemas de Big Data não foram projetados para análises orientadas pelos utilizadores e, certamente, nem pelos consumidores.

Comparo o desafio das TI com um problema comum para as empresas de telecomunicações. Uma vasta infraestrutura leva serviços de telefone, televisão por cabo e Internet a todas as cidades, mas o maior obstáculo é a "reta final" - distribuir esses serviços até um ponto final em cada casa e empresa. As TI devem agora enfrentar a "reta final" do Big Data: trazê-lo para as casas dos utilizadores empresariais.

Estes utilizadores não são cientistas de dados, com habilidades analíticas avançadas. Eles querem fundir o Big Data, que anteriormente era misterioso, com outras fontes que conhecem muito bem como sistemas de CRM e folhas de cálculo locais.

Este ano é aquele em que os utilizadores juntam ferramentas de descoberta de negócios fáceis de utilizar com as complexidades associadas ao Big Data.

A Portabilidade Não Tem Apenas a Ver com Mobilidade

Recentemente, comprei um iPad para a mãe da minha esposa. Ela tem 87 anos e dei-lhe as instruções mais básicas em apenas uma hora. Agora, ela usa-o todos os dias. Este "dispositivo móvel" mudou a sua vida, mas nunca deixa a sua casa. A portabilidade é útil, mas o iPad e outros tablets e smartphones têm outra característica ainda melhor: a interface de toque.

O toque é satisfatoriamente intuitivo. Todos, desde bebés até avós, podem aprender e desfrutar de uma interface natural. Mesmo os gorilas e os gatos gostam de brincar com iPads, como pode ver em muitos vídeos virais.

Agora, com os novos sistemas operacionais, como o Windows 8 e o OSX Mountain Lion, também se encontram disponíveis interfaces de toque muito ricos em computadores portáteis e fixos.

A funcionalidade tátil vai mudar o nosso software de negócios. A partir do meu próprio trabalho com clientes, sei que eles passam mais tempo a explorar dados quando usam uma aplicação tátil. Mais exploração traduz-se em mais descobertas e conhecimentos. Este ano mais do que nunca as experiências de toque estão a chegar ao seu software de negócios.

O Business Intelligence Está em Todo o Lado

Alguns analistas dizem que o Business Intelligence só atinge cerca de 30% do número possível de utilizadores. Eu acho que eles estão certos. Portanto, teremos falhado no nosso objetivo de distribuir BI abrangente? Nada disso.

A maioria das pessoas tem muitas aplicações instaladas no seu smartphone. Eu tenho uma aplicação que regista os dados das minhas corridas e exercício. Tenho uma aplicação que monitoriza os meus padrões de sono, sendo muito útil para a gestão dos fusos horários nas minhas viagens de negócios. Uma aplicação liga-se à minha conta de investimento e ao meu banco. Cada uma destas aplicações apresenta relatórios e gráficos bem desenhados e úteis. Até a minha fatura de eletricidade já inclui visualizações analíticas.

Nós, realmente, temos distribuído BI abrangente. Contudo, os utilizadores, muitas vezes, não veem esses benefícios. Estão presos a aplicações e arquiteturas mais antigos, menos ágeis e com menor facilidade de utilização.
Pode esperar ver mudanças importantes agora, à medida que os utilizadores exigem - e a indústria fornece - a capacidade de fazer descobertas em todos os lugares.

No novo mundo do BI, ninguém deve encontrar-se bloqueado como um passivo "utilizador final" de relatórios e dashboards pré-fabricados. Todos os utilizadores da atualidade, mesmo sem habilidades especiais, podem explorar dados para encontrar novas sugestões. Podem investigar exceções e descobrir relações ocultas. Começam um novo processo e iniciam novas análises. Consigo vislumbrar a mudança mais emocionante da minha carreira de Business Intelligence: o fim do utilizador final.

(*)VP of Product Management na QlikTech