Por Daniel Cruz (*)


As cidades inteligentes têm sido vistas por cépticos como um conceito futurista, com poucas provas que indiquem a sua concretização real. Porém, as cidades inteligentes, sejam construídas de raíz ou não, estão a chegar. Como tal, os planeadores urbanísticos e OEMs estão a responder a desafios em termos de responsabilidade, seguros, conectividade e hardware, cidades inteligentes e a Internet das Coisas que irão fazê-las funcionar, tendo atraído os olhares de outro grupo de stakeholders: o sector das TI e das infra-estruturas de armazenamento.

A Gartner previu que 1,6 mil milhões de ‘coisas’ vão estar conectadas à grande infra-estrutura da cidade inteligente até ao final deste ano. Cada vez mais cidades estão a implementar redes de transporte inteligentes. Elas estão a permitir carros conectados nas ruas, e os contentores com sensores que monitorizam o lixo já não são conceitos estranhos. A Intel, gigante dos processadores, já fala acerca de um futuro em que tudo é inteligente e está ligado. Com o apoio de stakeholders chave na indústria, todos estes objectos conectados, incluindo o contentor, estão a criar, a armazenar, a aceder e a reagir ao seu ambiente, criando dados a um ritmo incrível. Cada metro quadrado da cidade inteligente precisa de velocidade e compreensão. Lidar com o volume e a velocidade tremendos a que os dados são produzidos em tempo real por cada processo, desde os semáforos aos contadores domésticos, é um problema – e uma tarefa de monta.

Contudo, o conceito da cidade inteligente não se resume a tudo estar ligado e a debitar dados. Tem de ser inteligente – uma entidade viva, que recolhe e actua com base em dados e tem uma perspectiva que faz parte de um ciclo em curso. Como tal, estes dados não só precisam de ser armazenados, como também precisam de ser acedidos, organizados e usados.

As soluções de análise de dados em tempo real e de inteligência de bens irão conhecer o auge na era das cidades inteligentes. É crucial que os dados produzidos sejam usados para identificar tendências e anomalias no funcionamento diário da cidade inteligente para estimular a inovação de novas soluções que melhorem a experiência dos cidadãos inteligentes.

Por exemplo, durante os Jogos Olímpicos de 2012, o sistema de transportes de Londres Transport for London (TFL) precisou de suportar 18 milhões de viagens devido à afluência de espectadores de todo o mundo. Ao usar análise de dados para prever viagens de e para os locais do evento com base em alturas de pico de utilização, a TFL assegurou que a rede continuou a funcionar sem problemas ao longo de todo o evento. Além de gerir o fornecimento de comboios nos momentos de maior volume de tráfego de determinados eventos, a TFL conseguiu partilhar a informação que sabia com os passageiros e investiu em serviços de itinerário online, facilitando a gestão da viagem por parte dos visitantes e proporcionando-lhes uma experiência positiva.

São usos de dados como este que estão subjacentes à verdadeira inteligência das cidades inteligentes. Esta é a nova era de tomada de decisões com base em previsões e modelos, orientada por tecnologia inteligente.

Para lidar com o dia-a-dia e as exigências de dados a longo prazo de uma cidade inteligente, as quantidades massivas de dados precisam de ser armazenadas de forma barata, localmente e com acesso rápido. Isto requer uma abordagem única ao local onde dos dados residem e como se trabalha com eles. Um dos desafios que as cidades inteligentes colocam aos decisores de TI e de infra-estruturas de armazenamento é a questão ambiental.

Há uma tendência para partir do princípio que aumentos brutais no volume de dados serão acompanhados de um enorme aumento na pegada do data centre, o que, do ponto de vista da preservação e do uso de energia, é indesejável. O contraponto disto é que estavamos a ver uma enorme redução na pegada das drives necessárias para armazenar dados. A Toshiba previu que até 2020, os discos rígidos serão capazes de conter uns 40TB. No entanto, a verdadeira notícia aqui é que, na mesma previsão, a Toshiba afirma que os SSD terão nesse ano 128TB. E os SSD de alta capacidade actuais exigem um décimo da energia de um disco rígido equivalente e 6% da pegada.

Devido à memória Flash, os SSD são a chave do data centre que irá alimentar a cidade inteligente. Um data centre all-Flash vai ao encontro dos requisitos de uma cidade inteligente através do fornecimento do desempenho totalmente consistente e always-on necessário para lidar com requisitos inerentemente de pico (a infra-estrutura de transportes na hora de ponta, por exemplo). Além disto, com os SSD a serem mais rápidos do que a Lei de Moore no que diz respeito aos gigabytes por polegada, em vez de termos data centres colossais a brotarem por todo o país, o data centre all-Flash abre caminho a uma estabilidade muito necessária em termos de requisitos e pegada energética.

 

(*) Territory Manager da NetApp Portugal