(*) José Oliveira

Da análise e processamento de dados e, consequentemente, da obtenção de informação relevante e atual para a gestão  depende a tomada de decisões e, em última análise, o sucesso das organizações. Esta nova realidade resulta do crescimento exponencial dos dados gerados pelas organizações, as quais têm frequentemente dificuldade em os transformar em informações úteis. Para uma eficaz utilização destes dados, é fundamental integrar a estratégia  de gestão dos dados e da informação no contexto das atividades desenvolvidas pela organização, de forma a que posteriormente a informação preparada seja relevante e pertinente para os objetivos da gestão. Um aspeto adicional a ter em consideração é a confluência de tecnologias prevista em cenários de Big Data – Cloud, Mobilidade e Social – as quais têm vindo a ganhar  relevância, transformando as expectativas não apenas de consumidores finais, mas também dos consumidores empresariais de dados.

Os dados mais recentes da IDC Futurscape mencionam esta mesma realidade, em que identificamos um conjunto de problemas na gestão de dados das organizações, nomeadamente o crescimento dos dados corporativos (estruturados e não estruturados), o baixo nível de maturidade das organizações nacionais, em que cerca de 70% estão nas primeiras fases de maturidade e a governação dos dados está dispersa por diversas funções, não existindo em muitos casos uma estratégia de gestão, assim como uma elevada percentagem das organizações (40%) recolhe dados mas não consegue maximizar o seu valor.

São inúmeros os exemplos de possíveis utilizações dos dados como o recente lançamento da plataforma de dados da Câmara de Lisboa, um projeto pioneiro em que participam oito cidades europeias e que permite obter dados relevantes sobre áreas operacionais e georreferenciadas da gestão da cidade e, com isso, propor soluções, desenvolver negócios, prever necessidades.

Esta nova realidade remete-nos para um novo patamar, o da necessidade de criar uma plataforma de Governação de dados, a qual se refere à gestão geral da disponibilidade, usabilidade, integridade e segurança dos dados empregues numa empresa.

Um programa eficaz de governação de dados inclui um grupo ou conselho de governação, um conjunto definido de procedimentos e um plano para os concretizar. Assim uma eficaz governação de dados permite definir parâmetros para a gestão e utilização dos mesmos, criar processos para resolução de potenciais problemas e permitir aos utilizadores empresariais a tomada de decisões com base em dados de elevada qualidade e ativos de informação bem geridos.

Desta forma, a implementação de uma metodologia de governação de dados implica um conjunto de questões relevantes, tais como quem detém os dados, a inconsistência da informação entre diferentes departamentos e a utilização alargada do big data em empresas.

Procurando simplificar a abordagem, propomos um conjunto de regras simples para a governação de dados nas organizações. Em primeiro lugar, a simplicidade, especialmente numa fase inicial. Não faz sentido criar um modelo complexo quando estamos a dar os primeiros passos neste tipo de processos e podem ainda existir muitos próximos passos a dar.

Em segundo lugar, devem ser colocadas em prática um conjunto de regras na governação de dados, incentivando todos os responsáveis a se unirem em torno deste objetivo, e procurando desta forma uma parceria efetiva entre a gestão e os responsáveis tecnológicos.

Por último, a decisão da informação a gerar e como a apresentar de forma a ser útil para a gestão deverá ser uma prioridade.

E como organizar um programa de governação de dados dentro de uma organização? Uma forma simples é criar uma estrutura que agregue todos os responsáveis pela informação e dados gerados, a que se chama  o Data Governance Office, o qual tem como responsabilidade coordenar e facilitar a ligação das equipas de tecnologia e arquitetura dentro de uma organização.

Para que as iniciativas do DGO tenham um máximo de eficácia, e a exemplo do que já é feito de forma regular na área da segurança, é fundamental pedir que os colaboradores regularmente confirmem que estão em conformidade com os standards e políticas de gestão de dados. Ou seja, uma política eficaz de governação de dados deve conseguir definir as regras, a equipa por ela responsável, assegurar a conformidade com a regulamentação existente e os requisitos legais e, por último, assegurar uma boa gestão da informação e dos sistemas que garantam a integridade dos dados.                 

As vantagens de uma eficaz gestão de dados são inúmeras, ao nível das organizações e dos seus clientes. No primeiro caso, temos vindo a assistir a uma crescente tomada de consciência por parte dos responsáveis de negócio relativamente à necessidade de uma efetiva governação de dados para uma maior eficácia, ao nível financeiro, de compras, cadeia de fornecimento, etc. Mas também do lado, dos clientes, os quais, ao disponibilizarem um conjunto crescente de informações sobre comportamentos, padrões, utilização, deslocações, para além de inúmeros dados pessoais, exigem um contacto personalizado e que responda às suas necessidades. A Governação de dados é um passo fundamental na concretização desta visão.

 

(*) CEO BI4ALL

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