Por: Paulo Trezentos (*)

Há homens que fazem a diferença. Paddy Cosgrave é um desses homens.
A Web Summit é a maior conferência de start up’s e empreendedorismo no mundo.
Nela participam as 40.000 pessoas que vão mudar as nossas vidas nos próximos 10 anos.
Não são as que mudam hoje. Não estão lá os primeiros-ministros ou os CEOs das petrolíferas.
Está o Elon Musk da Tesla. Está o CEO do Instagram ou do Tinder.
O mérito de Paddy está em ser o líder da equipa que organiza a Web Summit.
Para nosso favor, Paddy é daqueles irlandeses que não hesita tirar este gigante do seu país de origem se encontrar um melhor enquadramento.
E Paddy encontrou esse enquadramento em Portugal. E mudou a Web Summit para Lisboa contra todos os seus conterrâneos e com a coragem que os grandes homens têm.
O valor da Web Summit não está em mostrar que Lisboa é melhor que as outras cidades.
Não somos melhores. Apenas temos melhor clima.
O valor da Web Summit está no diamante em bruto que podemos explorar.
Para todos os que estão no mundo das start-ups, a Web Summit é o recreio e, ao mesmo tempo, é o sitio onde podem durante quatro dias estar no centro do mundo.
São Francisco é a capital das Tecnológicas. Londres, Frankfurt e Hong Kong das financeiras. Boston e Nashville as de e-Health. Detroit e Munique são a capital da indústria automóvel. Lisboa é a capital de tudo isso durante a Web Summit.
Como é que as start-up’s, jornalistas, interessados podem tirar o melhor deste evento ?
Em primeiro lugar inscrevendo-se.
E, definitivamente, não como Barcelona faz do World Mobile Congress. O World Mobile Congress é o maior evento mundial da área mobile sendo aproveitado pela indústria hoteleira catalã para fazer os lucros que não teve durante o ano. Quartos de hotel que custam 100 euros passam a custar 500 euros. Se isso acontecer em Lisboa, é uma oportunidade perdida. É oportunismo sem consequência.
Start-ups, jornalistas e interessados podem aproveitar, integrando-se. Sendo portugueses, amáveis e interessantes.
Hoje, em conversa informal com empreendedores portugueses, Paddy dizia: “vocês partem em vantagem, aproveitem-na”. Acrescentando “misturem-se nos bares do hotel e falem sobre as vossas empresas e ideias”. Se proporcionarmos experiências agradáveis de Lisboa aos participantes não só mostramos Lisboa, como temos oportunidade e “tempo de antena” para fazer passar as nossas ideias.
A Web Summit deve ser das poucas coisas positivas em que tanto o governo anterior, como o actual, estiveram envolvidos. Unidos, enquanto governo e câmara municipal, conseguiram vencer Dublin.
Se não deixarmos taxistas pouco escrupulosos e hoteleiros ávidos de lucro mancharem a nossa imagem, as start-ups portuguesas terão a sua oportunidade. Este ano. E no próximo. E no seguinte.
A Web Summit significa o que de melhor nós tivermos para mostrar. E juntos, como ficou provado, conseguimos pensar a longo prazo.

(*) investigador, professor auxiliar do ISCTE e fundador da Caixa Mágica e da Aptoide.