Portugal Exportador, SA


Por Francisco Jaime Quesado *


As exportações passaram dum momento para o outro a ser a tábua de salvação da economia portuguesa. A conquista de novos mercados é central para o escoamento dos produtos e serviços das nossas empresas, mas a definição da matriz de abordagem dos nossos clientes tem que assentar num quadro estável de confiança e segurança entre as partes.



Exportar não pode de facto constituir um acto unilateral de afirmação duma capacidade instalada, tem que ser antes a base de uma partilha colaborativa entre mercados, com a aposta na inovação e criatividade como factores que fazem a diferença. Por isso, o Portugal Exportador, SA tem que ser um projecto agarrado e sentido pela nossa economia e sociedade.



Portugal não consegue atingir os níveis de produtividade da UE e isto é uma condição sine qua non para se atingir os grandes objectivos de prosperidade, solidariedade e qualidade de vida. Como é que vamos além dos grandes números (PIB por habitante) e identificamos as variáveis concretas que vão propiciar aquela convergência? Como é que se passa do debate macro-económico para o chão das empresas? O jogo da estratégia não se faz por decreto e as opções em termos de novos produtos e serviços com dimensão global têm que ser discutidas pelos diferentes actores do sistema (Estado, Empresas, Universidades, Centros de Inovação).

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Precisamos de aumentar as exportações no PIB, mas fazê-lo porque se trabalha para clientes mais exigentes. Abandonar a captação de clientes baseada nas vantagens de preço baixo e procurar os clientes mais sofisticados - pagam mais pelo valor acrescentado e ainda nos desafiam a modernizar e a aumentar os nossos padrões de exigência a vários níveis. Isto reforçará factores de competitividade baseados em recursos e capacidades únicos, flexíveis e valiosos, por oposição aos modelos mecânicos, lineares, baseados na minimização de custos. Com uma Agenda de Exportações sustentada, a entrada em novos mercados será um dado natural.



Precisamos também de apostar na dinamização de indústrias de bens transaccionáveis de média e alta intensidade tecnológica, procurando envolvê-las com os grandes investimentos de IDE. Isto reforçará o capital empreendedor, normalmente em micro e médias empresas/projectos, e contribuirá para a fixação de conhecimento, ganhos económicos e aumentos nos centros de decisão Portugueses. Exportar deve ser a base de um processo integrado de partilha de ideias e soluções, que projecte a nossa capacidade nacional junto dos mercados internacionais. Acredito num Portugal Exportador, SA forte, inovador e assente numa participação efectiva dos seus actores de valor, com o objectivo de voltar a fazer do Crescimento a base de uma Nova Agenda Competitiva.


* Especialista em Estratégia, Inovação e Competitividade