Por Sofia Rasgado (*)

No passado dia 7 de fevereiro, comemorou-se o Dia da Internet mais Segura, lançado pela Comissão Europeia em 2004, e celebrado em mais de 120 países em seis continentes. Como coordenadora do Centro Internet Segura Português, que integra a rede de centros europeus Insafe/ INHOPE, operacionais em 27 Estados-Membros, na Noruega e na Islândia, destaco os dados relativos a 2016: foram envolvidos 2,8 milhões de crianças, 2,5 milhões de pais e mais de 400 milhões de pessoas através das redes sociais. Não podemos esquecer que um terço de todos os utilizadores da Internet, em todo o mundo, tem menos de 18 anos e que 68% dos 9 aos 16 anos tem, pelo menos, um perfil numa rede social. Na Europa, os dados disponíveis apontam para uma utilização das redes sociais de 22% no grupo dos 9 aos 10 anos de idade e de 53% entre os 11 e os 12 anos e que assistir a vídeos online é uma das primeiras funções que as crianças exploram através da Internet? [1]

É inquestionável que o mundo digital oferece inúmeras oportunidades, mas também é um lugar onde os jovens podem vivenciar conteúdos violentos ou perturbadores, linguagem forte ou discurso de ódio ou serem vítimas de cyberbullying ou assédio sexual. Este ano, sob o mote “Marca a diferença: Unidos por uma Internet Melhor!”, crianças, pais, educadores, industria, media e decisores políticos debateram como criar novas competências digitais que possibilitem ao utilizador adotar um comportamento online que lhe permita lidar com o risco e navegar em segurança.

Muito se falou dos mais jovens … e os outros? Os mais velhos, aquele grupo da população a que, alguns países de língua inglesa, apelida de Silver Surfers para referir os utilizadores regulares da Internet, que se encontram na faixa etária acima dos 50 anos, grupo que tem vindo a aumentar, nos últimos anos, considerando a presença das tecnologias online no quotidiano.

No entanto, uma utilização regular não é necessariamente sinónimo de uma utilização cuidadosa e/ou consciente dos riscos de segurança e privacidade presentes na utilização da Internet. Os seniores são alvos fáceis para os hackers que tiram vantagem do mundo virtual para cometer burlas.

O estudo “Older and Wiser? – A Look at the threats faced by over-55s Online [2]” publicado em 2016, pela Kaspersky Lab, que abrangeu 12.546 utilizadores de Internet em todo o mundo, aponta para alguns dos riscos que este grupo está sujeito online.

Mas que tipo de utilização fazem da internet e como se comportam online? Maioritariamente, realizam compras, transações financeiras e comunicam com a família ou outras pessoas, quer seja através de correio eletrónico, quer nas redes sociais. Contudo e, apesar de assegurarem a instalação de software de segurança no seu computador, não têm os mesmos cuidados nos seus dispositivos móveis. Este estudo refere que têm menos cuidados com configurações de privacidade nas redes sociais e nos seus motores de busca, comparado com outros grupos etários; que pouco acionam funções de segurança que vêm com os seus dispositivos eletrónicos e raramente utilizam uma VPN; não se preocupam com a sua própria vulnerabilidade na realização de compras online, nem acreditam que a sua atividade online possa interessar aos hackers.

Este tipo de crença e comportamento menos seguro aumenta a vulnerabilidade das gerações mais velhas face aos perigos do mundo virtual. Cenários como ter familiares mais velhos que já instalaram softwares malignos ou terem sido aliciados por preços falsificados ou, mesmo, terem pessoas na família que já colocaram demasiada informação pessoal online, que foram vítimas de burlas online, que encontraram conteúdos explícitos e inapropriados ou falaram com desconhecidos e/ou suspeitos, aparecem cada vez mais assinalados como frequentes.

Para acautelar alguns destes riscos e promover uma utilização segura e consciente da Internet, o Centro Internet Segura deixa algumas dicas a ter em conta na próxima vez que navegar online:

  1.  - Ser crítico quando recebe ofertas por correio eletrónico de estranhos que prometem lucros, produtos grátis e investimentos de rentabilidade garantida. Em grande parte dos casos tratam-se de armadilhas. Deve exclui-los e não responda!
  2.  - Evitar trocar informação pessoal e sensível, através de aplicações de mensagens e chats, uma vez que algumas destas aplicações ainda não apresentam mecanismos de encriptação suficientemente fortes.
  3.  - Na vida real como na Internet, raro é aquilo que é realmente “gratuito”! Quando fizer compras online, leia todas as informações. Prefira lojas online com avaliações positivas, pertinentes e credíveis, que ofereçam garantia sobre o produto e métodos de devolução e que indiquem, claramente, possíveis custos adicionais. Guarde todas as informações e confirmações sobre as suas compras, desta forma, caso se depare com algum tipo de problema, poderá mais facilmente fazer valer os seus direitos.
  4.  - Participar nas redes sociais e em fóruns de discussão online pode parecer, inicialmente, algo estranho, já que se trata de dominar uma nova forma de comunicação com as suas próprias regras de participação, que nem sempre são óbvias. Os mais jovens podem ser uma ponte facilitadora e contribuírem positivamente para esta aprendizagem.
  5.  - Outra forma de participar e comunicar nas redes sociais é através da partilha de fotografias e vídeos. No entanto, nunca publique imagens sem a autorização das pessoas que aparecem na fotografia. Se quiser usar imagens que encontrou na internet, informe-se sobre os direitos de autor.

 

Caso surjam outras duvidas, contacte a Linha Internet Segura, linha de esclarecimento e apoio para a utilização mais segura da Internet, dirigida a toda a população, através do número gratuito 800 21 90 90 ou através de linhainternetsegura@internetsegura.pt.

 

(*) Centro Internet Segura

 

[1] https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/news/safer-internet-day-2017-european-commission-welcomes-alliance-industry-and-ngos-better-internet

[2] Estudo disponível em https://press.kaspersky.com/files/2016/09/Report_Over-55s_Online_ENG.pdf