Por Filipe Pitacho *

User Experience (UX) é um tópico emergente nos dias de hoje. Emergente por ser constantemente debatido e por estar presente na cabeça de grande parte dos web designers. Não se trata de um padrão ou de uma tecnologia mas sim de uma estratégia, e é por esta definição ainda não estar bem clara para a maioria das pessoas, que ainda é vista como um conceito abstrato e consequentemente como uma aposta sem retorno.

A maioria das tentativas de implementação deste conceito falha num ponto crucial, um produto focado no utilizador tem de ser apelativo, tem que preencher ou criar uma necessidade mas acima de tudo tem de ser focado no utilizador, ou seja, não pode faltar a interação com o utilizador, o feedback deste é crucial para o sucesso do produto. Não se trata apenas de feedback sobre o campo de texto ser quadrado ou redondo, se a cor deve ser mais clara ou mais escura. O designer, no processo de criação de um produto faz um estudo, analisa o que o torna apelativo, se as cores conjugam, quais as áreas no produto que deverão estar mais evidenciadas, a forma como os menus estão desenhados, entre inúmeras técnicas e métricas, mas o design não é tudo.

"User experience is not the same as User Interface"
De forma a compreender esta diferença, é crucial compreender o objetivo. Se se pretende ter um produto com boa aparência, que atraia o utilizador pelo seu aspeto, fala-se em User Interface (UI), mas se o foco se encontra no modo de utilização das funcionalidades, na forma a otimizar a experiência de utilização, em compreender o utilizador e criar um produto que vá ao encontro do que este procura, então fala-se em User Experience.

No entanto, a UI tem um papel importante na aplicação de UX. Existem vários padrões de user interface aos quais os utilizadores já se habituaram, assim como o símbolo de menu (burger menu - desenhado com três linhas horizontais), o posicionamento dos menus no topo ou no canto esquerdo, entre muitos outros padrões que visam ajudar na aplicação dos conceitos de UX. No entanto, a aplicação destes padrões não é suficiente.

Cada utilizador é um utilizador, cada grupo alvo é um grupo alvo, e é necessário compreender as características do utilizador a quem se pretende chegar, é necessário analisar os valores que defendem e as expectativas que têm em relação ao produto. Perante esta análise, é necessário adaptar o pensamento e a respetiva solução. Aquilo que é a solução perfeita para uns pode não ter valor algum para outros.

Um dos princípios da utilização de UX é começar por um MVP (minimum viable product), ou seja, começar pequeno e construir a solução de forma incremental garantindo que se vai adicionando valor, preenchendo as necessidades e o propósito da mesma. No entanto, não deve ser descurada a necessidade de a solução responder sempre ao requisito mais básico da funcionalidade para que foi desenhada.
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Figura 1 - MVP by Kirill Shikhanov

Um exemplo da evolução do conceito de UX são os formulários. Ninguém gosta de preencher formulários, é uma tarefa aborrecida. Hoje em dia vemos uma evolução bem clara nesse modo de funcionamento, existem já muitos websites, preocupados com UX, onde é possível navegar pelo website, adicionar os produtos no carrinho de compras e apenas quando se pretende efetuar a compra surge a necessidade de registo. Desta forma, o utilizador cria uma empatia e compromisso com o produto, chegando a um ponto em que efetuar o registo (preencher um formulário) torna-se parte normal e compreensível para atingir o objetivo final. Neste ponto, o utilizador está decidido e este passo torna-se uma etapa necessária e lógica, deixando de ser um passo aborrecido. Na próxima necessidade, o utilizador voltará ao mesmo website. Porquê? Porque é prático, porque ficou satisfeito, porque a experiência do utilizador foi positiva.

Mas nem tudo é perfeito e a visão nem sempre se concretiza à primeira, há erros, há falhas, há opções erradas. Ao trabalhar com UX estas fases são parte fundamental do processo, fundamental para aprender com os erros, conhecer os nossos clientes e utilizadores e com isso evoluir.

Em suma, no conceito de UX é fundamental criar uma relação com o cliente, compreender o utilizador mantendo um trabalho constante, de análise e pesquisa, com o objetivo de melhorar a sua experiência tornando-a cada vez melhor e mais agradável. Esta estratégia não se aplica apenas a websites, nem apenas a tecnologias, esta estratégia aplica-se a tudo, de forma genérica a qualquer "produto" que tenha um utilizador.

*Consultant da área de Development da Mind Source

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