Numa altura em que a indústria dos smartphones aposta na supressão de molduras e nas câmaras duplas, a Sony mantém-se fiel a uma estética muito própria. Minimalista, "clean", com limites superiores e inferiores bem delineados, a marca decidiu fazer a diferença noutros aspectos. Com o XZ Premium, pelo menos, há detalhes que saltam claramente à vista, desde o revestimento espelhado, que chama à atenção de qualquer um, ao sistema de som envolvente, que faz deste um dos melhores smartphones para sessões de multimédia.
De resto, há surpresas em todas "as esquinas". O telemóvel tem um desempenho muito fluído, uma câmara com funcionalidades muito interessantes, capacidade para rodar os jogos mais pesados do mercado e o design, embora se estranhe ao princípio, acaba por se entranhar com o tempo. Os detalhes, no entanto, não o deixam elevar-se ao patamar de campeão.
Mas vamos por partes.
Design
De acordo com o feedback que recebemos acerca do aspecto deste smartphone, o revestimento espelhado é um elemento de extremos, que recolheu paixões e ódios por parte daqueles que se foram cruzando connosco ao longo da análise. Se por um lado a imagem do aparelho era "muito feminina" e ideal para colecionar impressões digitais, por outro "era diferente" e suficientemente exuberante para se destacar dos demais. Certo é que o design não é consensual. Divide opiniões e cria debates.
O dilema entre "ótimo" e "péssimo" chegou mesmo a acontecer a nível interno. Se no primeiro dia queríamos cobri-lo com uma capa a todo o custo, no último, os pormenores estéticos deste smartphone já nos convenciam por completo.
As restantes cores também refletem bastante a luz, mas para quem apresenta mais reservas relativamente à edição prateada, o preto ou o cor de rosa talvez sejam a escolha certa.
De resto sublinha-se o facto de o equipamento transmitir uma sensação de unidade. Apesar de haver uma clara distinção entre elementos, as curvaturas conferem-lhe um seguimento entre a tampa frontal e traseira que, na mão, dão uma sensação de consistência ao utilizador.
Note, no entanto, que também existem pontos negativos mais consensuais.
Primeiro, chamamos à atenção para o revestimento espelhado, que, mesmo para os fãs, acaba por se revelar bastante escorregadio. E a nossa experiência diz-nos que o XZ Premium não escorrega só nas mãos do utilizador. Embora esse seja o aspecto menos positivo, o telemóvel também desliza se estiver assente sobre um base com o mínimo de inclinação. Se o grau de disposição da base não for de 0º, acredite, não vai ser fácil mantê-lo no sítio.
O outro pormenor a assinalar são as molduras, que embora tenham sido reduzidas ao mínimo nas laterais, apresentam-se muito proeminentes nas zonas superior e inferior do smartphone. É verdade que a dimensão das mesmas aparentam ser necessárias para a integração de um sistema de som imersivo e de qualidade, como o XZ Premium apresenta, mas o reparo a este pormenor, tendo em conta a atual tendência do mercado, é incontornável.
Especificações e Performance
Tal como o topo de gama que é, o XZ Premium apresenta um conjunto de especificações a preceito, logo a começar pelo display 4K, que se estende ao longo de 5,5 polegadas. E se o ecrã é o que mais lhe interessa num telemóvel, tenha esta proposta em consideração. Em comparação com o Samsung Galaxy S8, por exemplo, este smartphone perde apenas por não ter um Infinity Display como o concorrente, porque em termos de qualidade concreta, no que toca a contraste, reprodução de cores, definição e iluminação, este equipamento ombreia com os melhores.
Internamente, a história repete-se. Com um processador Snapdragon 835, 4GB de RAM e 64GB de armazenamento interno expansível via microSD, o desempenho foi sempre fluído. Mesmo nos casos em que puxámos pelos galões dos jogos mais pesados, como Oceanhorn, Asphalt 8 e Room, não houve qualquer drop nos fps. Em síntese, interessa sublinhar: o desempenho é um não problema, mesmo para os utilizadores mais intensivos.
Dos componentes que se escondem debaixo do capô, a bateria é o menos bem conseguido. Apesar de chegar aos 3.230mAh (e de durar um dia inteiro com uma utilização comum), o 4K não a deixa durar tanto quanto seria possível com um display de 1080p, por exemplo. Neste caso, acreditamos que as opções tenham ido à balança e que este é um daqueles típicos casos em que, para ter uma coisa, somos obrigados a deixar outra para trás. A autonomia foi afetada, é verdade, mas, em contrapartida, a qualidade do display compensa as horas que perdemos entre carregamentos.
Câmara
Embora a Sony seja uma das maiores fabricantes de sensores fotográficos móveis, as câmaras dos seus equipamentos ainda apresentam algumas imperfeições indiscretas. E com o XZ Premium, a app foi o que menos nos impressionou.
A desorganização da aplicação não apaga a qualidade das fotografias que este smartphone é capaz de registar - nem o facto de este integrar um botão de captura dedicado - mas tanto a disposição das opções disponíveis na app, quanto o live preview (imagem que surge na app ainda antes de se capturar uma foto) de fotografias, merecem ser destacados pela negativa.
O preview é o ponto que mais afecta a experiência de utilização. Embora tivesse o dever de transmitir uma ideia aproximada do resultado final das fotos capturadas, as imagens apresentadas exibem sempre uma nitidez baixa e um esbater de cores que nos recorda de uma câmara...VGA.
O resultado final, porém, é sempre competente. Com um sensor fotográfico traseiro de 19MP e abertura focal de f/2.0, com suporte para gravar em 4K, o Xperia XZ Premium tem ainda capacidade para gravar vídeos em câmara lenta a uns impressionantes 960 frames por segundo, o suficiente para filmar, ao pormenor, o efeito de um balão a rebentar; todas as gotas de água resultantes de um splash; ou a chuva a bater numa superfície. Infelizmente, este modo de super slow-motion só pode ser aplicado por um breve momento, mas se quiser fazer outras criações em câmara lenta, pode ainda gravar em 120 fps e aplicar o efeito de slow-motion à posteriori. A reter: estes modos não funcionam bem em condições de pouca iluminação.
As gravações em 1080p e em 4K resultam naquilo que se espera de uma câmara que se diz capaz de registar imagens nesta resolução: boas cores, definição e detalhe.
No final das contas podem ser atestadas boas qualidades a este conjunto fotográfico. A câmara principal é capaz de gravar vídeos de qualidade e de registar fotografias com bom detalhe, luz e foco. Talvez fique um furo abaixo da concorrência direta, mas nada que sobressaia à vista desarmada do utilizador comum.
Note ainda que é possível ajustar opções manualmente e que há modo HDR, tal como um Superior Auto que se encarrega de ajustar as configurações da câmara de acordo com o cenário que planeia registar. Não o aconselhamos, no entanto, a fazer grandes movimentos quando estiver a fotografar, uma vez que a velocidade de captura vai levar a que a fotografia ganhe alguns borrões de cor.
Este é, em última análise, um smartphone muito bom. Como referimos, os detalhes menos bem conseguidos não o deixam "tocar na lua", mas não lhe retiram o estatuto, uma vez que, ao mesmo tempo que se notam pormenores mais negativos, também sobressaem apontamentos de qualidade, como a posição (na lateral) e a responsividade do sensor de impressões digitais.
O preço mínimo de 700 euros (e máximo de 800) pode afastar potenciais compradores, mas a qualidade da sua performance atesta uma relação qualidade/preço razoável. Por isso, se está inclinado para a aquisição deste telemóvel, não hesite. É uma aquisição sólida, que lhe vai dar exatamente aquilo que espera quando investe cerca de 750 euros num smartphone.
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