A Fintechs Switzerland, o portal suíço de empresas cuja área de atuação se encontra na melhoria dos serviços financeiros, apontou, em julho deste ano, para a portuguesa GoParity como caso de referência numa lista de seis startups europeias que estão a reinventar o serviço público. Já no início deste ano a Govetech Summit destacou-a como uma das 10 empresas nacionais que estão a liderar a transformação digital neste sector.

A plataforma portuguesa de crowdfunding na modalidade de empréstimo, a qual tem vindo a despertar o interesse do mundo, baseia-se no financiamento de projectos de impacto social e ambiental através de uma comunidade de empreendedores e investidores preocupados com questões de sustentabilidade.

Embora tenha sido fundada em 2017, a ideia de criar a empresa já estava presente quando o seu CEO e fundador, Nuno Brito Jorge, o qual trabalhava na área da engenharia renovável, apercebeu-se que os seus clientes tinham dificuldade em aceder a investimento, algo que acabava por ditar o fim de diversos projectos.

Inicialmente, a área de actuação da startup situava-se em ajudar pequenas e médias empresas a financiar os seus projetos de energia renovável, permitindo que a comunidade investisse nelas, sendo depois recompensada com as receitas da venda de energia.

“Começou com um investimento num projecto de energia solar entre amigos e família, depois veio outro e acabámos por perceber que fazia falta um modelo de negócio que permitisse às pessoas investirem em projectos com retorno e impacto, trazendo em simultâneo a vertente de proximidade entre investidores e projectos financiados”, indicou Luís Couto, cofundador e CFO da GoParity, ao SAPO TEK.

Assim, tendo também em mente os dezassete Objectivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, Nuno Brito Jorge e Luís Couto decidiram expandir o espectro de acção da GoParity para projectos ligados à sustentabilidade social e ambiental. Sediada na Casa do Impacto, em Lisboa, a empresa quer democratizar o acesso deste tipo de projetos ao financiamento, assim como o acesso da sociedade civil a um investimento alternativo.

Depois de polémicas em torno das greves dos enfermeiros, entre 2018 e 2019, financiadas por crowdfunding, a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) publicou no início de setembro deste ano um novo regulamento que obriga este tipo de plataformas a recolher os dados pessoais dos utilizadores que desejem apoiar e financiar os projectos. De acordo com Luís Couto, “a GoParity já nasceu preparada para esta nova realidade”, uma vez que desde que iniciou a sua actividade, a startup já realizava tal medida.

Tal como indicou o cofundador e CFO da GoParity ao SAPO TEK, a empresa olha para a nova regulação “de uma forma positiva, no sentido de ser um factor de organização e credibilização do mercado, pelo que os aspetos positivos suplantam algumas barreiras à actividade que passaram a existir”.

Para a GoParity, o ano de 2019 está a revelar-se produtivo: até agosto, a empresa gerou mais de 1,5 milhões de euros para serem aplicados em 25 projectos, os quais têm temáticas que vão desde a mobilidade eléctrica a energia fotovoltaica, passando até por moda sustentável ou a indústria marinha, promovidos por uma comunidade de 3.500 investidores.

Contudo, a empresa quer crescer ainda mais, aliás, chegar ao objetivo de três milhões de euros investidos e ultrapassar os 10 mil investidores registados e para tal, a GoParity está a planear uma expansão além do território nacional. “Faz também parte da nossa estratégia iniciar o processo de internacionalização. Essa abertura irá alavancar ainda mais o investimento proveniente de fora de Portugal, assim como reforçar a literacia financeira e a democratização no acesso a investimentos com retorno e impacto”, afirmou Luís Couto ao SAPO TEK.