O X, o laboratório de inovação da Alphabet, a casa-mãe da Google, especializa-se em projetos “moonshot”. No ano passado, os engenheiros do laboratório deram início a uma ambiciosa experiência: desenvolver uma tecnologia que fosse capaz de produzir água potável a partir de ar. Agora, os especialistas partilham com o mundo as conclusões da sua investigação.

O projeto H2E (“Hydration to Everyone”, ou “Hidratação para Todos”, numa tradução para português) passou pelo desenvolvimento de um equipamento que recolhe ar e, a partir de uma combinação entre ventoinhas e luz solar, gera condensação, produzindo água gota a gota.

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O equipamento foi concebido para funcionar com base em energia solar, contendo painéis fotovoltaicos para alimentar as ventoinhas. O protótipo desenvolvido pela equipa foi capaz de produzir 150 mililitros de água por hora e por metro quadrado. Os especialistas estimam que seja capaz de produzir cerca de cinco litros de água por dia.

Num recém-publicado artigo na revista científica Nature, a equipa do laboratório apresenta a forma como a tecnologia poderá ajudar pessoas a aceder a água potável, em particular, em países onde tal não é possível com tanta facilidade.

Tendo por base datasets da OMS e da UNICEF, os especialistas mapearam os locais onde não há um acesso estável a água potável, comparando as suas condições atmosféricas com os requisitos necessários para implementar a sua tecnologia. A investigação demonstra que há mil milhões de pessoas que vivem em locais que se enquadram nesta categoria e onde o equipamento desenvolvido teria as condições ideais para funcionar.

Os especialistas do X indicam que é certo que projetos como a construção de infraestruturas de dessalinização de água são de grande utilidade, porém, levam muito tempo para planear e contruir. O laboratório de inovação afirma que a tecnologia desenvolvida pode ajudar as pessoas a aceder a água potável enquanto projetos de maior dimensão estão a ser construídos.

Apesar da simplicidade do design, o projeto não atingiu os objetivos que o laboratório tinha em mente para o seu custo. Embora tenha decidido não continuar com o desenvolvimento, o X decidiu partilhar com o mundo todos os dados, protótipos, software e documentação do hardware, através das plataformas Github e Figshare, para todos os utilizadores que queiram dar seguimento à ideia.