Naquele que foi o seu 14º voo, o helicóptero Ingenuity, uma das peças-chave na missão da NASA a Marte, fez um teste importante para assegurar o sucesso de próximos voos, que vão levar a missão para zonas de densidade atmosférica mais baixa, no planeta vermelho. 

O equipamento esteve a testar um cenário de voo com configurações mais exigentes para os rotores da aeronave, traduzidas num maior nível de rotação (RPM), que vai permitir voar em ambientes com uma atmosfera menos densa, conforme explica uma nota publicada na conta do Twitter.   

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Recorde-se que o pequeno Ingenuity foi desenhado e testado para fazer cinco missões, já fez 13, todas bem-sucedidas, mas em setembro a NASA já tinha avisado que a cada voo os desafios têm-se intensificado.  

O Ingenuity foi preparado para voar em densidades atmosféricas entre os 0.0145 e os 0.0185 kg/m3, o equivalente a 1,2-1,5% da atmosfera terrestre ao nível do mar. Os valores registados na Cratera de Jezero ao longo dos últimos seis meses da missão mostram que a densidade da atmosfera tem vindo a baixar e já é inferior a estes valores. As previsões da NASA indicam que podem vir a atingir os 0.012 kg/m3, o equivalente a 1% da densidade da Terra. Estes valores são estimados para o período da tarde, durante o qual normalmente são realizados os voos. 

A evolução diminui significativamente a margem de esforço que os técnicos deixaram no helicóptero, para não comprometer voos em condições mais adversas e sobretudo para assegurar as manobras que exigem mais dos rotores, como as subidas e descidas da aeronave. 

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Nos cenários testados em Terra essa margem rondava os 30%. Com as condições atuais de Marte passou para os 8%. O teste agora realizado, que não chegou a ser feito em Terra, validou a possibilidade de voar com rotações mais rápidas e voltou a aumentar a margem de segurança de cada missão, boas notícias para os próximos voos do companheiro do rover Perseverance. 

Este teste foi feito em dois momentos. No dia 15 de setembro o Ingenuity já tinha testado a capacidade dos rotores aumentarem a velocidade para as 2.800 RPM. Dias depois devia ter sido feito um pequeno voo a 2.700 RPM, mais 10% que a capacidade disponível anterior. O voo acabou por ser adiado devido a uma anomalia. Realizou-se agora.