Apesar de o ChatGPT ter impressionado o grande público, os modelos de linguagem para aplicações de diálogo não são uma novidade no sector da inteligência artificial. Há muitos anos que as tecnológicas se dedicam a afinar as suas propostas e a da OpenAI foi apenas uma das primeiras a acertar num conjunto de detalhes que a torna numa solução viável para muitas das tarefas que cumprimos diariamente, como a pesquisa de informação, a elaboração de textos ou a recolha de ideias para a resolução de problemas. Nos próximos meses, veremos muitas outras a tomar o palco e a Google é a próxima a apresentar-se sob o foco.

Alimentado pelo seu próprio modelo de linguagem para aplicações de diálogo (LaMDA), a Google revelou agora o Bard. Um modelo capaz de conversar, por texto, que reúne em si a amplitude do conhecimento mundial com o poder, a inteligência e a criatividade linguística das soluções que a própria Google tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos.

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Tal como o congénere da OpenAI, este modelo baseia-se nas informações da web para oferecer respostas novas e contextualizadas aos seus pedidos. Em comunicado, a empresa sublinha que esta solução pode explicar as últimas descobertas do telescópio espacial James Webb a uma criança de nove anos, ao simplificar o vocabulário, ou dar-lhe "exercícios para desenvolver as suas competências", bastando, para tudo isto, pedir.

O Bard vai ser disponibilizado a um grupo restrito de utilizadores, nesta fase inicial. A Google procura agora testar o modelo e recolher feedback para o melhorar.

Apesar de ainda não estar pronta para colocar a tecnologia na versão pública dos seus produtos, a tecnológica delineia já um futuro a curto prazo para as suas soluções de IA. Em comunicado, a empresa explica que procura integrar estas soluções no seu motor de pesquisa, por forma a que este nos possa facultar informações cada vez mais complexas, ao invés de um conjunto de links onde ela possa estar. "Em breve, irão ver funcionalidades baseadas em IA, na Pesquisa, que resumem informações complexas e várias perspectivas em formatos fáceis de assimilar para que se possa compreender rapidamente o panorama global [de uma questão] e aprender mais", sublinha.

Os próximos meses serão fulcrais para o sucesso das soluções de IA da Google. A empresa tem planos para "começar a integrar programadores, criadores e empresas individuais para que possam experimentar a API de linguagem generativa, inicialmente alimentada pelo LaMDA". Com o tempo, "a Google pretende criar um conjunto de ferramentas e APIs que irão facilitar a criação de aplicações mais inovadoras com IA".

A gigante norte-americana faz, mais uma vez, questão de sublinhar a responsabilidade com que quer endereçar este pulsante sector da indústria tecnológica e recorda a carta de princípios publicada em 2018. De futuro, a empresa compromete-se a continuar a disponibilizar formação e recursos dos investigadores, a fazer parcerias com governos e organizações externas para desenvolver padrões e as melhores práticas e a trabalhar com comunidades e especialistas para tornar a IA segura e útil".
Recorde-se que após o sucesso do ChatGPT, a Google estabeleceu internamente que era urgente dar uma resposta à OpenAI, não só para mostrar que a empresa não estava atrasada neste domínio, mas também para precaver uma migração de utilizadores para outras soluções que permitam encontrar informações de forma rápida e contextualizada.