Depois de uma "telenovela" que durou sete meses, Elon Musk finalizou a compra do Twitter e as mudanças na empresa já se fizeram sentir, entre estrutura na rede social de navegação, ao próprio executivo anterior que foi despedido logo no primeiro dia. E até a verificação das contas, o famoso "tick" azul, que poderá passar a ser um serviço de subscrição pago. Foi um negócio de 44 mil milhões de dólares, mas a passagem da rede social para as mãos do dono da Tesla e SpaceX não está a ser bem-vista por todos.

A questão da liberdade de expressão tem sido um dos pontos que mais tem incomodado os utilizadores da rede social. Para Elon Musk essa liberdade é um dos maiores ativos do Twitter, esperando-se algumas mudanças significativas no sistema de moderação. E isso pode mesmo passar por abrir portas a utilizadores que foram banidos por condutas impróprias pelas reras anteriores de moderação. E muitos temem que aumente o assédio na plataforma, sobretudo comunidades minoritárias, levando a discursos de ódio de forma aberta.

O website The Wired reporta casos como a escritora Cassie LaBelle, que pertence à comunidade transgénero, tendo criado um servidor no Discord alternativo, mesmo antes de saber o resultado da compra do Twitter por Elon Musk. Pela incerteza, prefere levar a sua comunidade para outro local, mesmo que mantenha a sua conta no Twitter por questões profissionais. O novo local pretende servir como um espaço seguro para a comunidade de pessoas transgénero que cultivou durante mais de 10 anos.

A utilizadora receia que o Twitter se possa tornar um caos com Elon Musk na liderança. E já havendo queixas e registos de assédio, teme que as novas regras de moderação sejam um chamariz para “trolls” espalharem mais ódio contra os membros de comunidades minoritárias. O magnata referiu que está a formar um novo conselho de moderação de conteúdo com diversos pontos de vista. Ainda assim refere que nenhuma conta vai ser desbloqueada ou tomadas decisões contra conteúdo até o conselho estiver operacional.

Elon Musk diz que a “libertação do pássaro” significa transformar a plataforma numa rede com liberdade de expressão, tornar os seus algoritmos open source e até eliminar os bots que protegem a rede de spam. Dentro dos limites das leis, as pessoas passam a ter a liberdade de expressão. A expressão utilizada por Elon Musk até mereceu resposta do comissário europeu do mercado interno Thierry Breton, referindo que na Europa o pássaro voa segundo as normas da região. Ou seja, os regulamentos da União Europeia vão ter de ser respeitados na conduta da rede social.

Apesar do crescimento da rede social Mastodon nestes últimos dias, a plataforma tem vindo a angariar novos utilizadores desde que Elon Musk fez a proposta da compra do Twitter. A Mastodon surgiu em 2016, já como uma alternativa descentralizada à rede do pássaro azul, que se destaca por reunir comunidades em forma de “instâncias”, através de código aberto.

mastodon registados

No contador de utilizadores do Mastodon, ao dia de hoje 31 de outubro, a plataforma estava a receber uma média de 1,2 mil utilizadores ativos por hora, somando 5,7 milhões de contas registadas. Só na última semana entraram mais de 135 mil utilizadores, um aumento significativo desde que Elon Musk assumiu o Twitter. E ironicamente, o Mastodon estava nas tendências do próprio Twitter. A rede social conta já com muitos utilizadores de comunidades portuguesas, considerando as recomendações de conexões propostas nos novos registos.