O documento que formaliza a RSPTIC foi aprovado em agosto, mas o trabalho de levantamento de recursos e partilha de boas práticas já tinha começado há cerca de um ano, liderado pela eSPap e envolvendo os principais centros de competência dos diferentes ministérios, na área das Tecnologias de Informação e Comunicação, assim como o Centro de Gestão da Rede Informática do Governo, o Centro Nacional de Cibersegurança e a Agência para a Modernização Administrativa.

Em entrevista ao TeK, Jaime Quesado, presidente da eSPap explica que a ideia é dar resposta à evolução das plataformas já existentes, como o GeRFiP e o GeRHuP, mas também ao desenvolvimento de novas aplicações, entre as quais a plataforma de compras públicas, ampliando a oferta na área das tecnologias da informação e aproveitando a capacidade instalada da eSPap e dos restantes elementos que integram a rede.

Nas 12 reuniões já realizadas, sempre com localizações diferentes para promover o conhecimento das várias unidades de competências nos vários ministérios e institutos, foi já possível fazer um levantamento exaustivo na área dos datacenters e necessidades de comunicações eletrónicas, que permitiram um diagnóstico e identificação de capacidade disponível que pode ser otimizada.

“Há um espírito  colaborativo muito positivo e um conhecimento científico muito forte, assim como um espírito técnico aliado às competências na administração pública que é importante partilhar”, refere Jaime Quesado, lembrando que isto pode ser feito sem por em causa a autonomia que cada organismo tem mas maximizando o espaço para usar as boas experiências e boas práticas.

A rede prevê o desenvolvimento das infraestruturas - nas áreas de housing, hosting e IaaS/Cloud -, assim como o enfoque na expansão de portfólio de IE e cloud, nas áreas de SaaS e manutenção aplicacional, e a potenciação de capacidades aplicacionais, quer a nível de desenvolvimento quer de consultadoria.

Mas esta centralização de competências e partilha de recursos não irá por em causa o negócio da indústria de software e hardware nacional, dando primazia às grandes empresas? Jaime Quesado acredita que não, e que há oportunidades para todos.

“Vejo claramente como uma oportunidade para as empresas portuguesas e as startups. Não nos podemos esquecer que as grandes multinacionais americanas e internacionais vêm o mercado nacional como residual e se identificarem um projeto interessante poderão escolher associar-se a competências nacionais e a startups, dando-lhes oportunidades que de outra forma não teriam”, defende, explicando que esta é aliás uma das plataformas que podem contribuir para dinamizar a internacionalização.

Tal como acontece noutros serviços partilhados geridos pela eSPap a ideia é centralizar esforços na administração central, mas não precisa de se ficar por aqui, podendo ser alargada á administração local e a outras instituições, nomeadamente as Universidades, o que pode acontecer a nível de vários projetos e também da Gov Cloud, uma das iniciativas que Jaime Quesado admite que poderá tornar-se num caso de sucesso em Portugal.