A proposta de aquisição da Nowo foi um dos temas de um encontro hoje com os jornalistas e Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal, garantiu que existe  racional económico por trás da compra, que ainda precisa de autorização regulatória e de definição do modelo da sociedade. O executivo lembrou que a Nowo tem cerca de 150 mil clientes no fixo e 200 mil no móvel e que isso vai permitir à Vodafone crescer a base de clientes de forma orgânica, afastando a ideia de que o objetivo é reduzir a concorrência no 5G.

Sem querer especular sobre as motivações da venda da empresa por parte da MásMóvil, que tinha assumido o controle da Nowo em 2020 com intenção de reforçar aposta no mercado português com o 5G, Mário Vaz lembra que a aposta da empresa está em Espanha, onde se registaram evoluções e consolidação dos operadores.

Apesar de ainda aguardar o sinal verde da regulação para o negócio, o CEO da Vodafone Portugal diz que "não antecipamos nem complexidade nem remédios substanciais", indicando ainda que está a ser preparada a notificação à Autoridade da Concorrência, que deve ser feita pelo comprador e pelo vendedor e que deve acontecer na primeira quinzena de novembro.

A forma de integração da marca Nowo deverá ser decidida depois, mas Mário Vaz não quis adiantar se será por fusão total ou manutenção das empresas, embora isso possa ter impacto na forma como são tratadas as licenças, a integração dos recursos humanos da Nowo e também a gestão dos contratos dos clientes atuais da operadora.

A rede fixa da Nowo é ainda de cabo, mas já havia intenções de fazer investimento em fibra, enquanto no móvel a operação era virtual (MVNO), com recurso à rede da Altice. Mário Vaz adianta que a ideia é migrar os clientes fixos para a fibra da Vodafone, sempre que possível e onde existe rede da empresa, fazendo o mesmo na operação móvel, o que vai obrigar a mudanças dos contratos, dos equipamentos e dos cartões dos telemóveis.

"Os clientes vão beneficiar da rede Vodafone", explica aos jornalistas, sem adiantar ainda pormenores sobre o processo de mudança, que pode também depender da forma como é feita a integração da Nowo e das zonas onde se encontram os clientes da empresa.

Embora afaste a ideia de que a Vodafone Portugal decidiu adquirir a Nowo para reduzir a concorrência no 5G, Mário Vaz reforça que a consolidação é um tema chave no mercado português, como é em outros países europeus. "O nosso CEO [da Vodafone global] disse que a consolidação é inevitável em Espanha e Itália e eventualmente em Portugal", adianta ainda Mário Vaz.

"No mercado, a longo prazo, não vejo mais do que 3 operadores, para a dimensão que temos", afirma Mário Vaz, referindo-se ao mercado português, explicando que não há dimensão para 6 operadores nem escala.

O exemplo de Espanha, mesmo aqui ao lado, foi novamente apontado, com o movimento de consolidação que existe entre os operadores de comunicações.

Em relação aos recursos humanos da Nowo, Mário Vaz refere que o objetivo é manter os colaboradores da empresa, que são cerca de 120/130. "Não há muita redundância", esclarece o CEO da Vodafone, referindo que há competências específicas relacionadas com a operação de cabo e que no sector o talento é escasso.

Preços vão aumentar em janeiro?

Com a evolução da inflação a possibilidade de aumento de preços das telecomunicações no próximo ano foi também abordada. Mário Vaz diz que ainda não há uma decisão e que do ponto de vista competitivo e legal não é um tema que possa abordar neste espaço, mas aproveitou para lembrar que os custos têm vindo a aumentar e que a pressão sobre a logística é cada vez maior.

"Somos um dos maiores consumidores de energia", explica o CEO da Vodafone Portugal, lembrando que em cima da rede que existe está a ser instalado ainda o 5G, com novas frequências que vêm aumentar o consumo de um recurso que está cada vez mais caro. "Para o próximo ano é impossível fechar contratos [com operadores]", afirma, adiantando que "em alguns locais o aumento dos custos é mais do dobro".

Este é um elemento que pesa nas contas. Tradicionalmente o peso dos custos de energia na Vodafone é de 6 a 7% dos custos operacionais e que atualmente já está próximo dos 15%, o que se deve à adição do 5G e da fibra, mas também do aumento de custos.

Mesmo sem querer falar de aumento de custos, Mário Vaz admite aos jornalistas que mais do que a inflação é a subida de custos de energia que tem mais impacto nas contas dos operadores e que "é inviável absorver estes custos", pelo que fica no ar a possibilidade dos preços serem atualizados no próximo ano.

A empresa está a preparar-se para reduzir o consumo de energia, na sede, nas lojas e na própria rede, onde a atualização dos equipamentos contribui para uma redução significativa, mas que novos desafios com o upgrade para o 5G.

Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 15h04