O "laboratório" do 5G foi montado na sede da Vodafone e hoje foi aberto aos jornalistas para mostrar os primeiros testes em ambiente real, sobre a rede móvel da Vodafone. Em parceria com a Ericsson, este testes em Lisboa vão ser seguidos de uma experiência em Aveiro com a Altice, no TechDays 2017.
Na conferência a Vodafone Portugal aproveito também para mostrar, em ambiente real, o 4,5 G a 1 Gbps, que vai já começar a implementar em Novembro no MEO Arena, durante o Web Summit, e até final do ano estará também disponível no Estádio do Dragão, no Porto, disseminando-se progressivamente na rede da operadora em zonas de grande densidade de utilizadores.
João Nascimento, CTO da Vodafone Portugal, admite que o cenário de implementação da rede 5G não é já para amanhã e que o cenário mais provável será de lançamento comercial em 2020/2021. "Ainda estamos na pré-infância, ou antes disso", explicou aos jornalistas.
O 5G terá velocidades que podem chegar aos 20 Gbps e uma latência muito reduzida, especificações que já são conhecidas embora ainda estejam a ser definidas as normas técnicas. Para a chegada ao terreno falta ainda a disponibilização e licenciamento do espectro, previsto para final de 2019.
Mesmo assim João Nascimento garante que os investimentos e da preparação da rede serão incrementais. Os desenvolvimentos que estão a ser feitos na rede LTE (4G), com a disponibilização das velocidades a 1 Gbps que foram hoje anunciadas, "são elementos que vão ser reutilizados no 5G", justifica, dizendo que "estamos a evoluir o LTE e a olhar para o 5G".
Numa pequena sala as estações e antenas montadas pela Ericsson permitiram ter uma pequena visão do que será a experiência com o 5G, não só em termos de velocidade da ligação, mostrada com download de vídeos, mas também com a tecnologia 5G beam tracking, que permitirá direcionar a ligação de rede de cada equipamento do utilizador para maximizar a ligação e reduzir a latência, chegando ao 1 milissegundo, cerca de 10 vezes menos do que a que se tem hoje. A redução da latência é relevante para algumas aplicações de futuro, como a utilização em carros autónomos ou em cirurgias à distância.
1Gbps por segundo na rede móvel da Vodafone já em Novembro (mas só em alguns locais)
Aproveitando a demonstração do 5G, a Vodafone Portugal mostrou também a evolução do 4G para as ligações a 1 Gbps, totalmente em rede móvel. Desde o lançamento comercial do 4G em 2012, com uma velocidade de 150 Mbps, a empresa tem feito várias evoluções e em dezembro de 2013 fez uma demo com 300 Mbps, duplicando em julho de 2015 a velocidade para os 600 Mbps.
Em novembro do ano passado a Vodafone já tinha feito a demonstração do LTE a 1 Gbps, mas agora a empresa vai começar a disponibilizar esta velocidade na sua rede, começando por algumas células específicas. Um vídeo partilhado pela empresa mostra um teste nos espaços próximos da sede em Lisboa.
As primeiras de um mapa de expansão serão a do MEO Arena, a tempo do Web Summit, seguindo-se o Estádio do Dragão que vai estar preparado para esta velocidade até ao final do ano. Depois João Nascimento diz que a evolução se fará em zonas e grande densidade de utilizadores que possam beneficiar desta maior largura de banda.
A par deste investimento na rede de rádio a Vodafone Portugal está também a investir na rede core para suportar o 4,5G já a partir de novembro/dezembro, um projeto longo já feito a pensar também no 5G, refere em resposta ao TEK.
E quem vai beneficiar desta evolução para o 4,5G? Para já são poucos os terminais que suportam o LTE categoria 16, só o Samsung S8 + e o Sony Xperia XZ Premium, assim como o recém anunciado Asus ZenFone Pro que só chega ao mercado no final do ano. Também se espera que o Mate 10 da Huawei, que vai ser lançado em Outubro, suporte esta tecnologia. Aliás, era o smartphone (disfarçado) que a Vodafone tinha para mostrar o potencial do 4,5G, embora ainda fosse um modelo não final.
2020 ainda é muito longe?
Mesmo com um cenário que parece distante, o processo de desenvolvimento da quinta geração móvel (5G) está em marcha e tem vindo a ser definido entre fabricantes, reguladores e operadores, com avanços na tecnologia e definição de normas, e hoje os primeiros testes que a Ericsson está a fazer com a Vodafone em Lisboa, e que ainda este mês vai repetir em Aveiro, são um primeiro passo para uma realidade que está cada vez mais próxima.
A Ericsson tem acordos com 36 grandes operadores em todo o mundo para o desenvolvimento conjunto no 5G, e o Grupo Vodafone e a Altice estão no lote das empresas com quem estão a ser feitos desenvolvimentos. Pedro Queirós, presidente executivo da Ericsson em Portugal, tinha até adiantado no ano passado que Aveiro podia ser a primeira cidade portuguesa 5G, e uma das primeiras da Europa, já que em 2018 os Estados-membros devem avançar com testes piloto em várias cidades.
Apesar dos desenvolvimentos da tecnologia e da vontade da Comissão Europeia de que a Europa seja líder em tecnologia 5G, os operadores têm vindo a defender alguma cautela na forma como se avança com o licenciamento da tecnologia, sobretudo porque o 4G ainda tem potencial para crescer. Ainda na semana passada, durante o congresso da APDC, os presidentes da Vodafone e da NOS defenderam que o 5G não pode ser cedo demais, nem caro demais, lembrando os custos de licenciamento do 3G e 4G que limitaram a capacidade de investimento nas redes.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada depois da conferência que decorreu esta manhã em Lisboa. Foram adicionados dois vídeos.
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